sábado, 30 de outubro de 2010

31/10 - Nascimento de Luiz Silva - Cuti, poeta, dramaturgo e co-fundador do Quilombhoje / 1951



RECORDANDO VALERIANO LUIZ DA SILVA

Faz hoje 1 ano que Valeriano Luiz da Silva, cidadão brasileiro, amigo da Guiné-Bissau e colaborador do projecto CONTRIBUTO partiu para outra etapa da sua missão, ele que se tornou numa semente para várias e boas colheitas tal  como os exemplos das experiências por ele transmitidas em vida e acompanhadas pelo espírito da sua imortalidade.
Há 1 ano recebia a notícia da sua partida que aqui recordo no texto que dei a conhecer.
Que a tua alma descanse em paz, Valeriano
Fernando Casimiro (Didinho)
20.02.2007


Em memória de Valeriano Luiz da Silva

Partiu o poeta, ficou a poesia
Partiu o corpo, ficou o espírito
Um poeta nunca morre,
pois a vida, é feita de sonhos
 e o poeta é um eterno (grande)sonhador...
20.02.2006

Que a sua alma descanse em paz!
À família enlutada os meus sentidos pêsames.


Faleceu Valeriano Luiz da Silva
03/08/50 - 20/02/2006
Valeriano Luiz da Silva - Poeta brasileiro


Valeriano Luiz da Silva
Nascido a 03/08/50 na cidade de Inhumas - Estado de Goiás - Brasil, perdendo seu pai aos quatro anos de idade, começou a trabalhar muito cedo. Foi professor primário e de Ensino Médio, Contabilista, Advogado e hoje é bancário aposentado do Banespa. (Banco do Estado de São Paulo S/A). Residiu em Goiânia (Go) e Caxias do Sul (RS) e atualmente em Anápolis (Go) é casado, com dona Heleny Bueno, ama sua esposa e Deus lhes deu cinco filhos maravilhosos: Dr.Valeriano Luiz da Silva filho - Médico Pediatra/Intensivista; Dr. Cristiano Luiz da Silva - Graduado em Direito; Dr. Eliseu Luis da Silva Arquiteto/Urbanista; Bacharel Alexandre Luiz da Silva - graduado em Design Gráfico; Elezir Bueno dos Santos - Estudante Universitária. Freqüentou o Curso de Economia por três anos e de História por um ano, porém os não concluiu.

Começou a escrever após chegar de Lisboa PT, fez uma poesia homenageando a Bela Lisboa e os Portugueses e só no início do ano de 2004 retornou a escrever.
É membro efetivo:
- Da ACADEMIA VIRTUAL BRASILEIRA DE LETRAS
- Da ULA - UNIÃO LITERÁRIA ANAPOLINA
- Da AVLLB - ACADEMIA VIRTUAL DE LETRAS LUSO-BRASILEIRA
- Da ASOLAPO -ASOCIACIÓN LATINOAMERICANA DE POETAS

Tem três E-Books editados e participou de Seis Antologias escritas.
Recebeu um certificado pela classificação em primeiro lugar no concurso Literário Lusófono da Revista Eletrônica Informe News, assim como uma Medalha em homenagem ao Poeta Pablo Neruda.

Foi um dos selecionados para participar do LIVRO DIARIO DO ESCRITOR 2006(Agenda literária) com seu poema “Não perca a esperança”, promovido pela Litteris Editora Ltda.

Teve texto selecionado para participar do livro "Tudo é poesia" promovido pela Litteris Editora Ltda.

Muito do que escreve é sobre os 24 Estados brasileiros e 10 países estrangeiros que o autor já visitou.

Está participando da Antolologia Literária Ecos da Poesia, (Portugal/Brasil) DOIS POVOS - UM DESTINO.

Seus poemas estão publicados em mais de setenta sites do Brasil e outros países



Estas são as 2 últimas mensagens que Valeriano me enviou, a 6 deste mês, dando conta numa delas, do seu estado de saúde.

De:"Valeriano Luiz"   
Para:didinhocasimiro@yahoo.com.br
Assunto:Re: A SENSIBILIZAÇÃO DOS MILITARES GUINEENSES - IN TRODUÇÃO
Data:Mon, 6 Feb 2006 02:23:03 -0200
Ola
Fernando
Estes dias ando um pouco enfermo com cardiopatia grave
assim que estiver bom voltarei aos seus sites
tudo de bom
Valeriano

De:"Valeriano Luiz"   
Para:didinhocasimiro@yahoo.com.br
Assunto:Re: As melhoras
Data:Mon, 6 Feb 2006 14:21:09 -0200
Obrigado amigo
Deus te abvençoe e sua familia tambem
Valeriano

Recordo aqui igualmente, aquando do seu primeiro acesso ao site www.didinho.org, em 2.08.2005

252 - Valeriano Luiz da Silva (02-08-2005 - 08:07:24 PM)
    Didinho
    foi bom descobri este importante site, pois amo muito os aficanos e principalmente o povo da Guine que acompanhei por noticia todas as vossas lutas. Enviei a poetisa Filomena um poema homenagando a Guine e se permitires deixo aqui um poema homenageando a Africa
    Receba afetuoso abraço do brasileiro mas afrodescente Valeriano Luiz da Silva
    Anapolis Goias Brasil 
    Homenagem a África 
    Autor: Valeriano Luiz da Silva 
    Lê-se muito que a África é uma porta para o mundo
    Africanos! Nós brasileiros temos por vós amor profundo,
    Esta África dos primórdios da civilização...
    Já teve momento de glória e também de decepção 
    África que milênios atrás era unida...
    Cada povo ou etnia tinha sua área estabelecida
    Mas após aparecer o conquistador
    Misturaram-se as tribos trazendo sofrimento e dor 
    Em mil oitocentos e oitenta e cinco na Conferência de Berlim
    Europeus dividem a África em vários pedacinhos
    Quando a Alemanha chegou ao Burundi Hutus e Tutsis viviam em paz
    Ressentimentos acumulados pelos Hutus fizeram massacres tribais 
    Hoje com a continuidade dos conflitos armados
    Com os problemas epidêmicos agravados
    O mercado africano em segundo plano no mundo evoluído
    A África precisa ser lembrada pelos países desenvolvidos 
    Que a tem desprezado e pouca coisa a ela tem oferecido
    É preciso maior amparo a este continente quase esquecido
    Oh! África guerreira de notável cultura e mãe do Nilo
    Libertaste do colonialismo, mas nem todos ficaram tranqüilos, 
    O interesse político roubou o espírito de família
    Sangue inocente se escorre, neste continente de guerras e guerrilhas,
    Oh! República Centro Africana que um tirano quase acaba com a raça
    Mas os guerreiros lutaram firmes e expulsaram Jean Bokassa 
    Oh! Uganda que sofreu tanto nas mãos de Idi Amim
    Mas chegou o dia que ele procurou o seu caminho
    Ah! Também tivestes filhos que lutaram e foram a pique
    Como Samora Machel libertador de Moçambique 
    Parabéns Egito que já teve seus anos de glória
    Parabéns África do Lago Vitória, e da linda fauna e flora.
    Homenageamos Amílcar Cabral o Agrônomo engenheiro
    Que após se formar voltou à pátria não por dinheiro 
    Viu a degradação e a miséria em Cabo Verde e na Guiné
    Tiraram sua vida, mas ele deixou ao povo exemplo de fé,
    Em Cabo Verde foi encontrado em seus versos
    Que Amílcar escreveu após o regresso..., 
    “Tu vives – mãe adormecida.
    Nua e esquecida......” 
    Na África árabe: Argélia, Líbia e Nigéria,
    Há petróleo e gás natural e menos miséria
    Mas a malária vem devastando a África Sub-saariana
    Com menos de um dólar diário vive um terço da gente africana, 
    Em países como: Zimbábue e na Botsuana
    Muitos atacados pela AIDS perdem a vida quase por semana
    Viva a África do Sul de Nelson Mandela
    Este lutador que não perdeu a esperança detrás das celas 
    Esta Angola que tanto lutou
    Mas com Dr.Agostinho Neto se libertou do colonizador
    Porém a guerra continuou
    Mas o angolano triunfou 
    Parabéns África de mil dialetos e do Kilimanjaro
    Parabéns África de grandes guerreiros extraordinários
    Parabéns a nossa irmã São Tomé
    Terra da dança do congo e do Socopé 
    Oh! G-8 lembre da África que já sofreu tanto golpe de Estado
    E que na descoberta do novo mundo teve seus filhos escravizados
    Eu sou brasileiro, mas conclamo ao mundo inteiro...
    Lembre dos africanos este povo guerreiro 
    Anápolis Go Brasil em 25/05/04
    valerianols@globo.com 
    www.albumdepoeta.com 
     

sábado, 23 de outubro de 2010

26/10 - Dia Nacional da Juventude

DIA NACIONAL DA JUVENTUDE 2009

24 /10 - Nascimento do poeta e jornalista Oswaldo de Camargo, co -fundador do Quilombhoje / 1936

Vida e Obra de Oswaldo de Camargo



Nasci em Bragança Paulista, SP, em 1936. Dos 12 aos 17 anos estudei no Seminário Menor Nossa Senhora da Paz, em São José do Rio Preto, de onde sai em 1954. Estudei piano e harmonia no Conservatório Santa Cecília, em São Paulo.
Sou herdeiro de buscas culturais de negros do País que, no início do século XX, começaram a reavaliação da situação do elemento afro-brasileiro e partiram para uma tentativa de inseri-lo social e culturalmente, tendo como armas sobretudo agremiações de cultura, jornais alternativos para a coletividade, teatro negro, a literatura, sobretudo a escrita por poetas de temática afro-brasileira, como Lino Guedes e Solano Trindade.


Estreei em 1959, com o livro de poemas 
O homem tenta ser anjo, no tempo em que era diretor de cultura da Associação Cultural do Negro, em São Paulo, e trabalhava como revisor no Jornal Estado de São Paulo, empresa na qual iniciei minha carreira no jornalismo em 1955. O segundo livro, 15 POEMAS NEGROS, é de 1961, marcado por um prefácio de Florestan Fernandes. Na prosa, estreei com o livro de contos O carro do Êxito, de 1972, seguido da novela A descoberta do frio, de 1978, e os poemas de O ESTRANHO. Em 1987 tive editado pela Secretaria de Estado da Cultura o livro O NEGRO ESCRITO - Apontamentos da presença do negro na literatura brasileira.


Tenho poemas e contos traduzidos para o alemão, francês e espanhol.


Recebi, em 1998, da Secretaria da Cultura de Santa Catarina, a "Medalha Cruz e Souza", pelas publicações e estudos em jornais e revistas sobre o poeta. Hoje sou coordenador de literatura do Museu Afro Brasileiro, em São Paulo.
Minhas Obras

Um Homem tenta ser Anjo - Poemas, Edição do autor, apresentação de Sérgio Milliet e prefácio de José Pedro Galvão de Souza, 1959.

15 Poemas Negros - Série Cultura Negra, da Associação Cultural do Negro, com um estudo do prof. Florestan Fernandes, 1961.

Nova Reunião da Poesia do Mundo Negro - 3 poemas, antologia organizada por Léon Damas, Paris, 1967.

Antologia dos Poetas da Cacimba - 2 poemas, 1967.

O Carro do Êxito - Contos, Editora Martins, Apresentação de Jane M. McDivitt, ilustrações de genilson, 1972.

A Descoberta do Frio - Novela, Edições Populares, Apresentação de Clovis Moura, ilustrações de Luiz Boralli, 1979.
O Estranho -Ed. Rowitha Kempf ,1984.
A Razão da chama - Antologia dos Poetas Negros Brasileiros (organização),GRD, 1986

O Negro Escrito - Apontamentos sobre a presença do negro na Literatura Brasileira, Secretaria de Estado da Cultura, Acessoria de Cultura Afro-Brasileira, capa e projeto grafico Ubirajara Motta, 1987.
Solano Trindade, poeta do povo - Aproximações, Com-Arte-Editora Laboratório do Curso de Editoração, USP,2009.


24/10 - Nascimento de Esmeralda Ribeiro, poeta e uma das coordenadoras do Quilombhoje / 1958
























Esmeralda Ribeiro nasceu em São Paulo/SP, onde mora atualmente. É Jornalista e uma das coordenadoras do Quilombhoje. Atua no sentido de incentivar a presença da mulher negra na literatura e tem participado, como palestrante, de conferências e seminários nos quais aborda a experiência da escrita feminina.

domingo, 17 de outubro de 2010

16/10- Wole Soyinka torna-se o primeiro africano a receber o Prêmio Nobel de Literatura / 1986

















Wole Soyinka


ole Soyinka
Wole Soyinka, nado em Abeokuta o 13 de Julho de 1934, é um escritor nigeriano em Língua inglesa|idioma inglês]], o primeiro africano em conseguir o Prêmio Nobel de Literatura em 1986.

Índice

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Trajectória

Wole Soyinka nasceu no mês de Julho do ano 1934 em AbeokutaNigéria, e o seu nome completo é Akinwande Oluwole Soyinka. Começou os seus estudos superiores na Universidade de Ibadán, que culminaria na Universidade de Leeds, onde retornaria na década de 1970 para conseguir um doutoramento.
Entre 1957 e 1959, trabalhou no "Royal Court Theatre" de Londres como director e actor. Neste período também escreveu três obras para uma pequena companhia de actores que recrutara. Ainda que muitos escritores africanos rejeitavam o uso das línguas européiasdevido à associação entre Europa e a violenta colonização da África, Soyinka optou por desenvolver os seus escritos em Língua inglesa|inglês]]. Caracteriza-se por misturar as tradições africanas com o estilo europeu, utiliza tradições e mitos africanos e narra-os utilizando formas ocidentais. Sempre aproveitou as suas obras para difundir a sua postura social e política, pelo qual a sua obra está infestada de simbolismos (alguns singelos, outros bastante complexos). Este estilo acedo foi uma das causas do seu arresto em 1967.
Na década de 1960 volta a Nigéria para estudar o teatro africano, e esse mesmo ano funda o grupo teatral "As máscaras de 1960". Os seus trabalhos nesta época estão tinguidos de algo de crítica social, mas pelo geral esta fazer num modo ligeiro e, as vezes, humorístico. Em 1964, funda a "Companhia de Teatro Orisun". Também ensina teatro e literatura nas universidades de Lagos]] e Ibadán. Mas em 1967, é arrestado durante a guerra civil da Nigéria por escrever um artigo no que advogava por um armisticio. Acusado de conspiração, é encerrado por mais de 20 meses e recentemente a fins de 1969 é liberar.
Já na década de 1970, liberado da prisão, a sua obra torna-se mais escura e crítica. Ataca ao sistema e nelas reflecte-se o sofrimento do autor e do povo nigeriano.
Em 1986, outorgam-lhe o Prêmio Nobel de Literatura. É o primeiro escritor africano que o recebe.

Bibliografía


Obras de teatro

  • The Swamp Dwellers (1959)
  • The Lion and the Jewel (1959)
  • The Trials of Brother Jero (1964)
  • A Dance of the Forests
  • The Strong Breed
  • Before the Blackout
  • Kongi's Harvest
  • The Road (1969)
  • The Bachaee of Euripides (1973)
  • Madmen and Specialists (1970)
  • Camwood on the Leaves
  • Jero's Metamorphosis
  • Death and the King's Horseman (1975)
  • Opera Wonyosi
  • Requiem for a Futurologist
  • A Play of Giants
  • A Scourge of Hyacinths (rádio play)
  • From Zia, with Love
  • The Beatification of the Areia Boy (1995)
  • King Baabu

Romances

  • The Interpreters
  • Season of Anomy

Memórias

  • The Mão Died : Prison Notes
  • Aké: The Years of Childhood
  • Isara: A Voyage around Essay
  • Ibadan: The Penkelemes Years: a memoir 1946-65
  • You Must Set Forth at Dawn

Colecções de poesia

  • 1967Idanre and Other Poems
  • 1969Poems from Prison
  • 1971A Shuttle in the Crypt
  • 1976Ogun Abibiman
  • 1988Mandela's Earth and other poems
  • 1999Outsiders
  • 2002Samarkand and Other Markets I have known

Ensaios

  • Neo-Tarzanism: The Poetics of Pseudo-Transition
  • Art, Dialogue, and Outrage: Essays on Literature and Culture
  • Myth, Literature and the African World
  • "From Drama and the African World View"
  • "Telephone Conversation"

Películas

  • Culture in Transition
  • Blues For a Prodigal

Veja-se também


Ligazóns externas

sábado, 16 de outubro de 2010

16/10 - O arcebispo Desmond Tutu recebeu o Prêmio Nobel da Paz / 1984


Prêmio Nobel da Paz: “Vocês são fantásticos”

Arcebispo Desmond Tutu emocionou público presente em Soweto com discurso levemente político.

Por Artur Dantas
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Fifa

O prêmio Nobel da Paz de 1984, Desmond Tutu, participou da abertura da Copa do Mundo da África nesta quinta-feira (10) trazendo um discurso positivo.


Bem humorado, o arcebispo disse “vocês são fantásticos. Sejam bem vindos à África do Sul. Vocês conseguem sentir a emoção? Conseguem tocá-la? Sejam bem vindos à terra sagrada da África”, saudou.


Tutu completou dizendo que o continente é o berço da humanidade e que todos os presentes, independente da nacionalidade, são africanos. 


O arcebispo encerrou o discurso ao chamar o vídeo preparado sobre Nelson Mandela. “Ele não está aqui, mas em Joanesburgo. Mas se gritarmos bem alto, ele ouvirá”, brincou.


No vídeo exibido, foram mostradas imagens de várias épocas da vida de Nelson Mandela. O líder negro esteve preso durante 25 anos acusado de traição e deixou a cadeia para se tornar um ícone na luta contra regime de segregação racial, o apartheid.


Mandela recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1990, mas só foi recebido em 2002. O líder foi presidente da África do Sul de 1994 a 1999.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

1º Professor negro,durante pelo menos dez anos, o antropólogo Kabengele Munanga, nascido na República Democrática do Congo (antigo Zaire) e professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, foi o único professor negro a lecionar em um programa de pós-graduação em Antropologia no Brasil.




"Sem paixão a gente não faz nada"
Kabengele Munanga
Renata da Silva Nóbrega, Bacharel em Relações Internacionais(UnB) é mestranda em Sociologia (Unicamp)
renata@irohin.org.br
Kabengele Munanga - Foto: Pedro Amatuzi
Durante pelo menos dez anos, o antropólogo Kabengele Munanga, nascido na República Democrática do Congo (antigo Zaire) e professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, foi o único professor negro a lecionar em um programa de pós-graduação em Antropologia no Brasil. Kabengele passou dez anos sem participar das reuniões da Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Em 1996, sua proposta de mesa foi recusada pela organização da ABA. Em 2006, a mesa redonda da qual participaria como palestrante só foi aceita depois de um recurso enviado à organização da ABA, que inicialmente havia recusado a proposta. No encontro da 25ª Reunião da ABA, realizado em junho de 2006, em Goiânia, Kabengele foi homenageado como "o decano dos antropólogos negros no Brasil". No dia oito de junho, o professor Kabengele Munanga nos concedeu a entrevista que segue abaixo. A entrevista, portanto, é anterior à II CIAD, o que justifica seu comentário sobre as expectativas acerca da Conferência.
Ìrohìn: Vamos começar pela sua história no Brasil: como você veio parar aqui?

Kabengele: Um pouco de aventura, mas não era uma aventura pura porque a Universidade de São Paulo estabeleceu um convênio de cooperação com algumas universidades africanas. Era um convênio entre a USP e o Itamaraty. O Itamaraty pagava a passagem e a USP dava uma bolsa de estudos de dois anos para terminar o mestrado e para o doutorado. Eu vim com uma bolsa de dois anos pro doutorado. Foi assim que cheguei em 75. Em 77 

terminei o doutorado. Voltei para minha universidade mas a situação política era insustentável porque naquela época a gente vivia numa ditadura militar e em todas as ditaduras a opinião crítica que vem da academia não é bem-vinda. Além disso, eu já tinha na minha família presos políticos que estavam contradizendo o ditador Mobutu. Então, eu também estava da mesma maneira. E quando vi que não dava mais, voltei ao Brasil depois de oito meses e comecei a dar aula aqui. Comecei na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde dei aula de 79 a 80. Em 80, entrei na USP, onde estou até agora como professor. Creio que vou me aposentar aqui.

Ìrohìn: Como você foi recebido no Brasil? Sentiu dificuldades por ser um migrante africano?
Kabengele: Não, na época eram poucos os africanos. Eram raríssimos. Dentro da USP, os africanos que vinham desse convênio não chegavam a dez pessoas. Lembro que havia duas pessoas da Costa do Marfim, uma pessoa do Senegal, dois do Congo, uma pessoa de Uganda. Então eram poucas as pessoas. Não tinha problemas, mas era aquela coisa: todo mundo se aproximando, querendo saber se já cacei um leão, se tem televisão na África, se tem estradas. Muitos compreendiam África como se fosse um país ou uma aldeia, ou coisa assim, como sempre. Não mudou grande coisa. Então não tinha nenhum problema. Tinha aquelas idéias pré-concebidas sobre a África. Muitos me perguntavam se eu tocava algum instrumento e quando eu dizia não a pessoa ficava surpreendida porque qualquer africano tem que tocar alguma coisa, porque o negro tem a musicalidade no sangue. Essas coisas que fazem parte do preconceito, que eu chamo de um preconceito que é simplesmente no nível da verbalização, mas que não deixa de ser uma visão preconceituosa sobre a África. É preconceito também misturado com a ignorância. As pessoas ignoravam a África.



Ìrohìn: Agora vamos conversar sobre a universidade. Quantos professores negros existem na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP)?

Kabengele: Olha, contando no dedo eu não sei. Não poderia chegar a dez. Claro, o professor Milton Santos [falecido em 2001] fazia parte do contingente de professores negros da FFLCH. Há as pessoas novas que entraram: o professor Wilson Barbosa, que está na História, eu aqui na Antropologia, a Rita Chaves que está nas Letras, entrou a Lídia nas Letras, novas contratações. A Márcia é mais uma jovem que entrou na Ciência Política. Na minha contagem não chega a dez. Acho que somos oito.

Ìrohìn: E qual é a relação de vocês?
Kabengele: Somos colegas, todo mundo se conhece, têm consciência. Nem todo mundo milita, mas todo mundo sabe o que é. Não tem uma organização formal, mas existe cumplicidade.

Ìrohìn: E na Antropologia, são quantos os professores negros?
Kabengele: Na Antropologia eu sou o único negro. Não tem outra pessoa.

Ìrohìn: E como é ser um professor negro numa universidade tão "prestigiada" como a USP?
Kabengele: Não sei. Só os outros podem ver o que não vejo. Eu sei que é uma raridade ser um professor negro numa universidade como esta. Não sei como os outros me vêem. Eu me vejo simplesmente entre colegas, trabalhando duro como todo mundo para ser um bom professor, bom pesquisador. Mas você tem consciência de que é uma peça rara num universo particular que é o universo de colegas brancos. É como dizia o professor Milton Santos quando perguntaram se ele já havia sentido racismo ou preconceito na academia e ele dizia que a academia é um mundo de hipocrisia. As pessoas não abrem o jogo.



Ìrohìn: Você enfrentou dificuldades para consolidar sua carreira devido ao racismo?

Kabengele: Não sei dizer. A única coisa que sei é que trabalhei duro. Creio que todos os negros, para chegarem em algum lugar, tenham que dar mais que os colegas brancos. E isso deve ter aberto algumas barreiras que pelo trabalho não teria. Não sei dizer se não há. O fato de ser o único professor negro num departamento de Antropologia que trabalha com a diversidade, onde deveria ter mais representantes dessa diversidade, é uma coisa que surpreende.

Ìrohìn: Há alguma abertura na USP para discutir a questão racial?
Kabengele: Não, não tem abertura. A USP tinha abertura pra pesquisar. Tem pesquisadores que fizeram trabalhos excelentes tanto no campo dos estudos das religiões, da cultura negra, como no campo da história, com muitos trabalhos sobre a escravidão, sobre o tráfico. Florestan Fernandes e a Escola Paulista inauguraram uma linha de pesquisa que desde a década de 1960 trabalha com a questão da mobilidade racial. Eles demonstraram que não se trata apenas de discriminação econômica, mas que há realmente barreiras raciais. A USP fez pesquisas interessantes, em termos teóricos e de pesquisas empíricas, mas não avançou nos problemas da atualidade, que é a questão, por exemplo, da política de ações afirmativas, de cotas. Aí todos ficam presos ao mito da democracia racial. Não vejo avanços.



Ìrohìn: E sobre o INCLUSP? (Programa recentemente aprovado pela USP, no qual estudantes oriundos de escola pública têm um bônus de 3% em suas notas na primeira e na segunda fase do vestibular.)

Kabengele: O INCLUSP, se você já leu o documento pode ver que aquilo é uma grande mentira para mostrar que a USP quer fazer alguma coisa, porque os critérios utilizados não contemplam a questão específica do negro. São critérios que contemplam os excluídos econômicos, mas os negros que reúnem, além da exclusão econômica, a exclusão racial, não foram contemplados no projeto da USP. Não creio que isso vá mudar algo do ponto de vista da inclusão do negro na USP. A experiência vai mostrar isso. Estou convencido de que nada mudará.

Ìrohìn: E na Antropologia, há mais professores que defendem as cotas?
Kabengele: Que eu saiba, não. Pelo menos pelos escritos, não. Há faculdades que tomaram posição radicalmente contrária. Aqui na Antropologia alguns que se pronunciam dizem que a cota vai trazer a raça, que há risco de transformar o Brasil nos Estados Unidos, que teremos conflitos que foram evitados até agora. Não vejo realmente um discurso a favor das cotas, pelo menos no Departamento de Antropologia, que seria, talvez, um dos departamentos mais indicados, porque lida com as questões da diversidade, produz pesquisas sobre isso.


Ìrohìn: O que você tem a dizer sobre o papel de intelectuais na luta contra o racismo e o papel desempenhado por intelectuais como Peter Fry, Ivonne Maggie e Demétrio Magnoli, que se colocam frontalmente contrários às cotas?

Kabengele: O intelectual é, em primeiro lugar, uma pessoa que produz um conhecimento crítico sobre a sociedade e esse conhecimento pode transformar a sociedade. Como membro da sociedade, ele pode, politicamente, tomar uma posição em favor das mudanças. E esses colegas que passaram a vida deles trabalhando sobre a questão do negro, que denunciaram o racismo, estão contrários às propostas de mudança, contra as propostas de ações afirmativas e das cotas. Eles acham que isso vai mudar o modelo da sociedade brasileira, que é um modelo de convivência racial por causa da mistura racial; que isso vai transformar o Brasil numa sociedade bi-racial, e, como conseqüência, vai levar o Brasil aos conflitos raciais que jamais conheceu. Nesse sentido, são claramente contrários às cotas. Quer dizer, de um ponto de vista, os negros serviram como objeto de pesquisa mas não servem como sujeitos de mudanças.

Ìrohìn: Como o racismo opera na universidade?
Kabengele: É como eu retomei aquela frase do professor Milton Santos: a universidade é um lugar de hipocrisia. Os que pesquisaram nesse campo sempre denunciaram o racismo à moda brasileira, mas uma parte grande dos colegas na universidade ainda está presa ao mito da democracia racial. Eles acham que é um problema de luta de classes, problema econômico, a ponto de mesmo aqueles que sempre denunciaram o problema racial dizerem que as cotas devem ser pra escola pública, com brancos e negros beneficiados igualmente. Aqueles que são a favor das cotas não querem fazer diferenciação entre brancos e negros. Eles acham que é a mesma coisa. De novo, uma maneira de voltar ao mito da democracia racial, consciente ou inconscientemente. Creio que o discurso da universidade é um discurso perverso.



Ìrohìn: E a forma como o racismo atua no acesso à universidade?

Kabengele: São todos defensores do mérito acadêmico porque acham que o vestibular tradicional é o sistema mais justo e mais igualitário, que escolhe os melhores, independentemente da cor da pele. O princípio meritocrático é um princípio que obedece à lei do darwinismo social: na luta pela vida, os melhores ganham. Mas quem são os melhores? São aqueles privilegiados que nasceram numa classe média ou alta, que tiveram acesso a uma boa educação. A maioria defende o princípio do mérito acadêmico, da qualidade do ensino superior que as cotas, segundo eles, podem prejudicar. Do meu ponto de vista é totalmente o contrário: você não pode colocar um ponto de partida igual para todos os concorrentes porque o ponto de partida é desigual. O que se mede na realidade não é a potencialidade intelectual, mas a situação social dos concorrentes.

Ìrohìn: Você tem orientado vários alunos no mestrado e no doutorado, estudantes negros...
Kabengele: Somando, no total foram seis mestres e vinte doutores. Pouquíssimos negros. Posso contar nos dedos: Jacques D’Adesky, Nilma Lino, Alecsandro, Camila, Taynar, Eliana de Oliveira. Seis ou sete pessoas.

Ìrohìn: Você é convidado para participar de bancas em outras universidades. Tem alguma avaliação sobre a produção desses intelectuais?
Kabengele: Eu acho que a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, quantitativamente e proporcionalmente, produziu mais mestre e doutores negros do que a USP, apesar de ser uma universidade paga.



Ìrohìn: E o conteúdo?

Kabengele: Todas essas teses trabalham sobre a questão do negro. São trabalhos excelentes. São várias áreas de pesquisa, sobre religião, literatura, questão de gênero, todos assuntos que dizem respeito ao negro em várias áreas do conhecimento e linhas de pesquisa que examinei tanto na USP como na PUC, quanto em outras universidades, como a UFBa.

Ìrohìn: Você tem alguma sugestão ou conselhos para pesquisadores negros que querem seguir carreira acadêmica?
Kabengele: Eles devem ter consciência de que a academia não é ausente de preconceitos, que eles encontrarão barreiras na academia, que desqualifica os próprios projetos deles, dizendo que os projetos dos candidatos negros não têm um caráter científico, são incompletos, são emocionais, é isso e aquilo... Isso é uma coisa que vão encontrar na academia, mas nem por isso devem se desmotivar. Têm que lutar, acreditar nas idéias deles. Se alguém desqualificar o projeto, devem pedir crítica, pedir orientação, pedir nova bibliografia, mas sem abrir mão de sua identidade enquanto pesquisador negro. Como que as pessoas me identificam? E difícil alguém ler meu texto e achar que sou branco. No entanto, faço uma análise, mas de um ponto de vista que é a linguagem da vítima. Não dá pra deixar isso de lado. Não dá pra se policiar muito porque a emoção faz parte do processo de conhecimento. A emoção é a irmã gêmea da razão. Não há como separar as duas coisas. A emoção não impede uma análise científica. Pelo contrário, pode até ser um fator de motivação. Sem paixão a gente não faz nada.

Ìrohìn: Você vai participar da II CIAD? Quais são suas expectativas para a conferência?
Kabengele: Olha, não sei o que vai ser aquilo lá. Acho que vai ser mais político que acadêmico. Creio que em todos os encontros científicos internacionais sempre há pessoas que fazem análises interessantes, há pessoas que fazem mais turismo do que análise, há de tudo. No meio de tudo isso, teremos coisas interessantes que ajudam a pensar e coisas que não servem pra nada, como em todas as reuniões.

Ìrohìn: Até agora não foi divulgada...
Kabengele: É. Não vi divulgação. Tá muito politizada, cheia de chefes de Estado, ministros... A face política parece que tem mais peso que os próprios intelectuais. Não deixo de dizer que a participação dos intelectuais brasileiros da diáspora foi minimizada, vejo muito poucos participando. Se é um encontro de intelectuais da diáspora os outros que estão lá preteriram os intelectuais negros que estão aí. Tenho um questionamento que vai por aí. É uma coisa feita a partir de critérios políticos.

Ìrohìn: O jornal Ìrohìn está tentando dar visibilidade a alguns temas ligados aos países africanos. Como você vê a cobertura da mídia a respeito da África?
Kabengele: No geral, a mídia desconhece a África. Há muita ignorância sobre a África. A maneira de apresentar a África a gente viu nas últimas copas do mundo: os jogadores africanos eram associados aos leões, aos elefantes, coisas assim. Um certo preconceito. Nossa mídia não conhece muito bem a África. Tem um ou outro que são capazes de fazer uma boa reportagem, mas a maioria tem uma visão muito negativa sobre a África. Eu não sei como vai ser a mídia durante a CIAD, porque geralmente os encontros sobre África têm pouca cobertura. Nós tivemos em Brasília a I Conferência Internacional sobre as Políticas de Promoção da Igualdade Racial. A mídia não fez grande cobertura. Em 1988, houve aqui na USP um congresso sobre a abolição. A mídia não cobriu. Agora, como é uma coisa do Ministério das Relações Exteriores, do Itamaraty com o Ministério da Cultura, que carregam o nome de um governo que está no poder, isso talvez possa levar a mídia a fazer uma boa reportagem. Agora, o que eles vão dizer é imprevisível.

Ìrohìn: Você tem alguma sugestão pro Ìrohìn?
Kabengele: Acho que o Ìrohìn cresceu muito e cresceu bem. O jornal é de excelente qualidade. Eu sou muito preocupado com a sua sobrevivência porque nós o recebemos de graça. Não sei até que ponto vamos continuar recebendo de graça. É um jornal que tem o conteúdo da diáspora, que tem crítica, que tem análise da sociedade, que informa, que esclarece, com essa qualidade. Eu acho que está na hora de talvez encontrar um caminho para as pessoas poderem contribuir com a sobrevivência do Ìrohìn. Isso me preocupa. Claro que se fosse um jornal dirigido aos negros que não têm dinheiro seria diferente, mas eu acho que as pessoas que têm acesso ao Ìrohìn são pessoas capazes de pagar a mensalidade ou a anuidade do jornal. Eu só posso dizer parabéns. O Ìrohìn cresceu muito, melhorou muito.

Ìrohìn: Algo mais?
Kabengele: Eu gosto muito do Ìrohìn. É um jornal que tem a cara, o rosto da diáspora.