terça-feira, 27 de março de 2012

CULTURA NEGRA

CULTURA NEGRA A riqueza deixada pelos escravos A partir do momento que chegavam ao Brasil, além de não poder praticar a própria religião, eram proibidos de realizar festas e rituais de origem africana. Eram obrigados a seguir a doutrina católica e adotar a língua portuguesa como nativa. Entretanto, mesmo com todas as imposições e restrições, os africanos não deixaram a cultura ser esquecida. Escondidos, mantiveram representações artísticas, culturais e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira. Geralmente, a prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas. (FOTO: GISELLE HIRATA) A capoeira tinha como principais funções o alívio do estresse do trabalho, a manutenção da cultura e da saúde física. Para treinar sem chamar a atenção dos fazendeiros e dos capangas, os escravos incorporaram instrumentos musicais como, por exemplo, o berimbau. Com música e movimentos ritmados, a prática da capoeira se assemelhava a uma dança. Contudo, em determinada época da história, o negro também reagiu à escravidão em busca de uma vida digna, de modo que era comuns as revoltas nas fazendas. Geralmente, fugiam grupos de escravos que formavam nas florestas os famosos quilombos (comunidades nas quais os integrantes viviam em liberdade e onde podiam falar a própria lingua e praticar sua cultura e religião). Entre os quilombos mais conhecidos está o “”Quilombo dos Palmares”, comandado por Zumbi. A escravidão, bem ou mal, marcou os destinos da sociedade brasleira, pois deixou heranças e seqüelas como, por exemplo, a cultura negra e as condições sociais nascidas do regime escravocrata. De acordo com o presidente do quilombo São José da Serra (localizado na cidade de Valença), Antônio do Nascimento Fernandes, os descendentes de escravo encontram, até hoje, dificuldades para manter uma vida digna. “O quilombo é uma comunidade que tem uma ligação de parentesco desde 1830 e aqui vivem em torno de 180 descendentes de escravos. Os principais problemas que encontramos é a falta de emprego e a dificuldade de manter essas terras, pois não são nossas por direito ”, comenta. “Mas estamos lutando e a esperança é muito grande, é o que faz a gente ficar e viver nesse pedaço de chão”, complementa. Neste quilombo ainda são mantidas muitas tradições e, todos os anos, celebram a festa de São José da Serra em homenagem aos antepassados, os antigos escravos. “Além de preservar a memória dos nossos ancestrais e cultivar muito dos costumes, a festa ajuda a levantar fundos para a nossa comunidade”, relata Toninho. A comemoração conta com grupos de capoeiras, músicas africanas e, ao cair da noite, se acende uma grande fogueira, em volta da qual os descendentes relembram os tempos de outrora e dançam o famoso “jongo” (ritmo cujas matrizes vieram da região do Congo e da Angola e se assemelha muito ao samba brasileiro). Diante de toda a história dos negros africanos no Brasil, Toninho manifesta seus desejos: um futuro melhor para os jovens que vivem na comunidade. “A foice e a enxada são coisas que a gente não vai abandonar e não pretendemos abandonar, mas podemos ser doutores e agrônomos, ter um curso técnico para conhecer melhor a terra na qual plantamos. Então, o sonho meu mesmo é de ver, um dia, nossas crianças e nossos jovens fazendo faculdade, esse é o meu sonho”, finaliza.

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