A alguns anos atrás assisti em um Canal Cultural de uma TV
fechada uma pesquisa científica falando sobre a origem do homem branco e da
“diversidade das raças” no Planeta Terra, dizia sumamente que todos
os homens modernos vieram de uma única raça: a
Negra. Portanto somos todos negros em nossa origem
biológico-genética, a única coisa que nos diferencia é a cor de nossa pele,
nada mais.
Desde então procurava saber mais sobre o assunto até que
encontrei na Revista SuperInteressante uma reportagem falando sobre esse
tema. Seu título: “Brancos, negros, índios e amarelos:
Todos parentes”. O
texto abaixo é uma adaptação livre e atualizada dessa reportagem. Em suma
veremos que Brancos, Índios e Amarelos vieram todos dos Negros Africanos.
Anos atrás no “Museu do Homem de Paris” houve uma exposição
intitulada “Todos
Diferentes, Todos Parentes”, a reportagem que agora posto
lembra que se Morton estivesse vivo (Morton foi um grande cientista que morreu
em 1851, estudava a “diferença” entre as raças humanas) ele certamente teria um
enfarto fulminante ao ver que várias pessoas, incluindo crianças, remontavam,
em uma tela de computador, aquilo que ele levou décadas em sua vida
fazendo no laboratório. Diariamente, centenas de jovens e curiosos em geral se
divertiram na mostra criando “homens” inimagináveis, numa miscelânea que
inclui os mais variados tipos de cabelo, olhos, rosto ou mesmo o tamanho do
nariz.
Essa brincadeira se confunde com a própria explicação da origem
do homem moderno, o Homo sapiens sapiens: a de que, ao contrário do que pensava Morton,
as diferenças físicas, tão gritantes a nossos olhos, não passam de detalhes na
história de uma espécie que, embora numerosa e espalhada por todo o mundo, em
última análiseprovém de
um único ancestral. As
aparências enganam. “O sentido da visão tem um papel primordial nas percepções
humanas, enquanto várias espécies de animais que diferem na cor dos pêlos ou da
pele parecem não dar a menor importância a isso”, brinca o francês André
Langaney, chefe do laboratório de Biometria de Genética da Universidade de
Genebra.
É certo que as questões de um século atrás ainda persistem: se
somos descendentes de um mesmo antepassado, por que alguns têm a pele negra,
cabelos crespos e olhos escuros, enquanto outros têm olhos puxados, cabelos
lisos e a pele amarela? Por
que os pigmeus medem em média 1,50 metro, enquanto suecos chegam a 1,77 metro?
As diferenças são tantas, que apenas enumerá-las já soa como uma missão
impossível — quanto mais listar respostas para cada uma… Mas para geneticistas
como Langaney ou o célebre italiano Luigi Luca Cavalli-Sforza, um dos maiores
especialistas no assunto,muito
mais numerosas e essenciais são as igualdades. Todo homem, seja
ianomâmi ou finlandês, possui cerca de 4,5 metros quadrados de pele, 100
órgãos, 450 músculos motores, 211 ossos, 950 quilômetros de tubos (veias e
artérias), 100.000 quilômetros de fibras nervosas, 5 litros de sangue, 60
trilhões de células, etc. etc.
Tão importante ainda é que jamais se encontraram genes que
pudessem ser considerados característicos de uma única população, por mais
isolada que ela viva. Isto é: os cerca de 3 bilhões de componentes do
patrimônio genético são compartilhados pelos 6 bilhões de homens que ocupam o
Planeta. Sem exceções. É o que asseguram décadas de pesquisas, em especial as
realizadas por aqueles dois especialistas. Langaney concentrou seu trabalho em
três genes que são fundamentais no ser humano. O primeiro, responsável pelo
tipo sangüíneo, é o sistema ABO. O outro, o do fator Rhesus, determina o Rh
positivo e negativo. Quanto ao terceiro, o Gm, é o gene que produz a
imunoglobulina, substância essencial para o sistema imunológico. Tais genes se
encontram em centenas de grupos étnicos, cujas células a equipe de Langaney
vasculhou. E o pesquisador é taxativo: isto
descarta a possibilidade de existirem genes “brancos”, “negros” ou “amarelos”,
como se acreditou até há pouco.
“Nenhuma população se isolou por um tempo suficiente para se
constituir como uma raça completamente diferenciada”, garante Cavalli-Sforza.
Professor da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, ele diz isso com a
autoridade de quem nos últimos cinqüenta anos se dedicou
a construir a mais completa e ambiciosa árvore genealógica da espécie humana e hoje se dá ao conforto de
andar de chinelos nos corredores da universidade.
Sforza testou nada menos de 120 características humanas gravadas
nos genes, inclusive o fator Rhesus e os sistemas ABO e Gm. E também não poupou
o computador de Stanford para reagrupar milhares de trabalhos lingüísticos e
arqueológicos, a partir dos quais selecionou os 42 grupos mais
estudados, numa amostragem perfeita doshabitantes dos cinco continentes. Etíopes, pigmeus, europeus em geral,
lapões, esquimós, japoneses, polinésios e índios americanos são apenas algumas
das etnias escolhidas por ele. E, a partir desses estudos, o geneticista
genovês radicado nos Estados Unidos chegou a uma conclusão inovadora: a de que
era possível reconstituir a história da evolução humana com base na freqüência
de certos genes, o chamado critério de distância genética.
O fator Rhesus é um exemplo que pode ajudar a entender essa
conclusão. Sforza verificou que 16% dos ingleses tinham o fator Rhesus
negativo, enquanto a freqüência nos bascos era de 9% e nos japoneses 0%. “Se
nos limitarmos ao Rhesus, podemos dizer que os ingleses são mais próximos dos
bascos que dos japoneses.” É lógico que, para obter a distância genética entre
as populações, Sforza não usou apenas um gene;
analisou mais de uma centena. Graças
a esse critério, pôde chegar então às sete grandes famílias, os colonizadores
da Terra: africanos, caucasianos, asiáticos do sul, asiáticos do norte,
australianos, insulares do Pacífico e ameríndios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário