segunda-feira, 26 de julho de 2010

25/07 Independência da Libéria África 1846


















Libéria

Geografia



Área: 111.369 km². Hora local: +3h.



Clima: equatorial chuvoso.



Capital: Monróvia.



Cidades: Monróvia (550.200), Zwedru (35.300), Buchanan (27.300), Yekepa (22.900), Harper (20.000) (2003).







População



3,5 milhões (2004); nacionalidade: liberiana; composição: grupos étnicos autóctones 95% (principais: capeles 19%, bassas 15%), américo-liberianos 3%, outros 2% (1998). Idiomas: inglês (oficial), línguas regionais. Religião: crenças tradicionais 42,9%, cristianismo 39,3% (independentes 17,1%, protestantes 13,6%, outros 15,9% - dupla filiação 7,3%), islamismo 16%, sem religião 1,5%, bahaísmo 0,3% (2000).







Economia



Moeda: dólar liberiano; cotação para US$ 1: 45 (ago./2004).



PIB: US$ 562 milhões (2002).



Força de trabalho: 1,3 milhão (2002).







Relações exteriores



Organizações: Banco Mundial, FMI, ONU, UA.



Embaixada: 5201, 16th Street NW, Washington D.C. 20011, EUA;







Governo



República presidencialista. Div. administrativa: 13 condados. Presidente: Gyude Bryant (LAP) (desde 2003). Partidos: Patriótico Nacional (NPP) (ex-Frente Patriótica Nacional, NPFL), da Unidade (UP), de Ação Liberiano (LAP). Legislativo: bicameral - Senado, com 26 membros; Casa dos Representantes, com 64 membros. Constituição: 1986.







Descrição



Fundada por ex-escravos norte-americanos - seu nome significa "país dos libertos" -, a Libéria é uma das duas nações da África não colonizadas por europeus (a outra é a Etiópia). Os descendentes de escravos (3% da população) formam a elite do país - a mais antiga república africana. A maior parte dos habitantes vive na pobreza, e são altas as taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil. A situação é agravada pela instabilidade e pelas guerras civis desde 1989 e pelo embargo que atinge a Libéria, acusada de contrabandear diamantes retirados da vizinha Serra Leoa. Boa parte dos recursos do país vem do registro de navios de todo o mundo com a bandeira liberiana, graças a um regime fiscal vantajoso aos proprietários.







História



Os portugueses, no século XV, são os primeiros europeus a chegar à região da atual Libéria, que batizam de Costa da Pimenta (ou dos Grãos). Em 1821, a Sociedade Americana de Colonização compra o território, que pertencia a Serra Leoa, a fim de enviar para lá escravos libertos norte-americanos. O primeiro grupo chega em 1822 e funda Monróvia. Em 1847, Joseph Jenkins Robert, governador da comunidade de negros norte-americanos na Libéria, proclama a independência e torna-se o primeiro presidente. No século XX, empresas dos Estados Unidos (EUA) exploram borracha, ferro e diamante. No fim dos anos 1970, cresce a oposição ao governo. Em 1980, o sargento Samuel Doe executa o presidente William Tolbert Jr. e suspende a Constituição. Doe é eleito presidente em 1985, depois de proibir a participação de opositores no pleito. Em 1989, guerrilheiros da Frente Patriótica Nacional (NPFL), liderada por um ex-integrante do governo, Charles Taylor, iniciam a luta contra o regime.







Guerra civil



O presidente Doe é preso e executado em 1990 por uma dissidência da NPFL, a Frente Patriótica Nacional Independente (INPFL). Novos grupos armados também passam a disputar o governo. Amos Sawyer é eleito presidente provisório, em conferência realizada em 1991, e aceita o envio de uma tropa de paz da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas) ao país, a fim de desarmar os rebeldes. Um acordo de paz, em 1993, leva à criação do Conselho de Estado da Libéria, órgão executivo de transição formado por representantes das facções em luta e do governo. O conselho assume o poder em 1994, mas não consegue estabelecer um acordo entre as partes.







Redemocratização



Em 1996, Ruth Perry assume a presidência do Conselho de Estado, com apoio o da Ecowas. A desmobilização e o desarmamento da guerrilha são feitos com sucesso. Taylor dissolve a NPFL, que passa a se chamar Partido Patriótico Nacional (NPP). Em 1997, Taylor vence por larga margem a eleição presidencial, considerada legítima por observadores internacionais. O número de mortos na guerra civil é estimado em 150 mil. A normalização da situação permite a volta de 200 mil refugiados.







Em 2000 pioram as relações com Guiné e Serra Leoa, acusados pela Libéria de abrigar grupos rebeldes. Ao mesmo tempo, EUA e Reino Unido afirmam que a Libéria apóia a Frente Revolucionária Unida (RUF), grupo armado de oposição ao governo de Serra Leoa, em troca de diamantes. Em outubro, Libéria, Guiné e Serra Leoa iniciam conversações sobre os conflitos, com a mediação de outros países da região.







Fatos recentes



Em 2001, a Organização das Nações Unidas (ONU) acusa o governo liberiano de dar apoio à RUF em troca de diamantes e impõe sanções econômicas ao país. Em 2002, a guerrilha da organização Liberianos Unidos pela Reconciliação e a Democracia (Lurd) avança contra o regime.







Novo



Governo



Em março de 2003 surge um novo grupo armado, o Movimento pela Democracia na Libéria (Model). Taylor é indiciado em junho pela Corte Especial da ONU para Serra Leoa por crimes de guerra no país vizinho. Em meados do ano, os rebeldes chegam à capital, Monróvia, obrigando Taylor a entregar a Presidência ao vice, Moses Blah, em agosto, e se exilar na Nigéria. Ecowas e EUA enviam tropas, que assumem o controle da capital. Blah, os dois grupos rebeldes e a oposição acertam a formação de um governo provisório, chefiado por Gyude Bryant, empresário e líder da Igreja Episcopal. A ONU decide enviar em setembro uma força de paz de até 15 mil homens (a maior no mundo). Em dezembro, as tropas da ONU começam o desarmamento dos antigos combatentes, estimados em 40 mil.







Coalizão ampla



Em março de 2004, Bryant anuncia uma formação ampla para o governo, com representantes dos grupos Model e Lurd, do antigo governo, dos 18 partidos legais e da sociedade civil. No mesmo mês, o Conselho de Segurança (CS) da ONU decide congelar os bens do ex-presidente Taylor. Eleições presidenciais estão marcadas para outubro de 2005. Mas em outubro de 2004 Monróvia é palco de distúrbios de massa por vários dias, nos quais prédios são incendiados e 16 pessoas morrem. O governo acusa ex-combatentes pela violência. No fim do ano, a ONU afirma que 50 mil refugiados da guerra civil já voltaram ao país, mas ainda faltam 340 mil.







Fonte: www.casadasafricas.org.br






26/07 Independência da Libéria, África/ 1846





































Libéria


A Libéria possui uma das maiores extensões de mata nativa do oeste da África, cobrindo quase a metade de seu território. A costa, que abriga a capital, Monróvia, é uma região extremamente úmida, com média diária de 25 mm de chuvas entre maio e outubro. Fundada por ex-escravos africanos dos Estados Unidos, é a única nação africana não colonizada por europeus, além da Etiópia. Com a independência, em 1847, torna-se a primeira República do continente. Os descendentes dos escravos (3% da população) formam hoje a elite do país. Formalmente, a Libéria tem a maior Marinha Mercante do mundo, pois um regime fiscal vantajoso faz com que armadores de diversas nacionalidades registrem seus navios como liberianos. O novo governo enfrenta uma economia falida após a guerra civil de 1989 a 1996. A renda per capita, que era de aproximadamente US$ 400 antes do conflito, caiu para a metade. Os indicadores sociais - como analfabetismo (61,7%) e mortalidade infantil (160 por mil nascidos ) - também estão entre os mais baixos do mundo.



Fatos Históricos

Os portugueses são os primeiros europeus a chegar à costa liberiana. A região fica conhecida como Costa da Pimenta, por causa da produção de pimenta-malagueta. As etnias nativas descendem de antigas tribos da região sul do Saara. Nos séculos XVI e XVII, os impérios coloniais que se formavam no continente africano (França e Inglaterra) tentam anexar a Libéria. Em 1816 é criada, nos Estados Unidos, a Sociedade Americana de Colonização, a fim de enviar escravos libertados de volta à África. O primeiro grupo chega à região em 1822 e funda Monróvia, a atual capital. Em 1847, Joseph Jenkins Robert, governador da comunidade de negros americanos na Libéria, nascido na Virgínia (EUA), de antepassados mestiços, proclama a independência da República e torna-se seu primeiro presidente. De 1850 a 1920, o país perde terras para as colônias vizinhas e vê a economia declinar, mas o governo recusa a proposta de tutela estrangeira. Neste século, a Libéria permanece estável até o final dos anos 70. A partir daí cresce a oposição ao partido situacionista com a criação da Aliança Progressista da Libéria. Em 1979, o anúncio do aumento do preço do arroz causa saques e desordens. Em abril de 1980, o sargento Samuel Doe derruba o governo, executa o presidente William Tolbert Jr. e suspende a Constituição. Doe adota políticas voltadas para a população pobre. Depois de eleições denunciadas como irregulares e de uma tentativa de golpe militar frustrada, guerrilheiros iniciama luta contra o governo, em 1989.



Guerra civil

O presidente Doe é morto em 1990, após cair nas mãos de rebeldes que haviam tomado a capital juntamente com a Frente Patriótica Nacional (NPFL), de Charles Taylor. A guerra civil prossegue até 1991, e 1,5 milhão de liberianos fogem para o exterior. Um acordo de paz assinado em 1993 não é respeitado. Novo acordo, em agosto de 1995, leva à instalação do Conselho de Estado da Libéria. Trata-se de um órgão executivo de transição, formado por um presidente sem partido político, o professor Wilton Sankawulo, e representantes das facções que participaram da guerra civil. Em abril de 1996, o Conselho de Estado ordena a prisão de um de seus integrantes, Roosevelt Johnson - líder do Movimento Unido de Libertação da Libéria para a Democracia (Ulimo-J), uma das facções em luta -, acusado de assassinato. A decisão leva ao reinício dos combates em Monróvia, e milhares de pessoas abandonam o país. Em agosto é assinado novo acordo de paz, estabelecendo eleições para 1997 sob a condição de que os grupos rivais sejam antes desarmados.



Redemocratização

Em setembro de 1996, Ruth Perry torna-se a primeira mulher chefe de um Estado africano, ao assumir a presidência do Conselho de Estado da Libéria, como resultado do mais recente acordo de paz. No mês seguinte, uma tentativa frustrada de atentado contra Charles Taylor mata três pessoas. A desmobilização e o desarmamento da guerrilha, a partir de novembro, são feitos com sucesso, sob ameaça de sanções às facções que desobedecerem às ordens. No início de 1997, Taylor dissolve a NPFL, que passa a se chamar Partido Patriótico Nacional (NPP). Em julho de 1997, Taylor vence a eleição presidencial com 75% dos votos, considerada legítima pelas forças de paz da Comunidade dos Estados Africanos do Oeste (Ecomog) e pela Missão de Observação das Nações Unidas na Libéria (Unomil). Charles Taylor é empossado em agosto e, no mês seguinte, termina o mandato da Unomil, iniciado em setembro de 1993 para monitorar o cessar-fogo acertado na época. A ONU estima entre 100 mil e 150 mil o número de mortos na guerra civil e em 700 mil o total de refugiados em países vizinhos. Em setembro de 1998 eclodem violentos choques em Monróvia, deixando quase 50 mortos. Os combates são retomados em reação à tentativa do governo de prender Roosevelt Johnson por acusação de traição.



Fonte: www.mulheresnegras.org



domingo, 25 de julho de 2010

25/07 Dia Internacional da MULHER NEGRA Latino-americana e Caribenha






















 Dia Internacional da MULHER NEGRA

Latino-americana e Caribenha

Rosa Marques1

No 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, realizado em

Santo Domingo (República Dominicana) em 25 de julho de 1992, definiu-se que este dia

seria o marco internacional da luta e resistência da mulher negra.

Vários setores da sociedade têm atuado para dar visibilidade e consolidar esta data

procurando combater a falta de oportunidades e de direitos, a depreciação e a diminuição

da vida apresentadas pela ideologização do racismo, além da opressão de gênero

vivenciada pelas mulheres negras latino-americanas e caribenhas.

O 25 de Julho tenta romper o mito da mulher universal e evidenciar as etnias, suas

especificidades e desigualdades, sejam no âmbito da saúde, educação e mercado de

trabalho, assim como em todos os aspectos da vida. Foi preciso destacar uma data para

simbolizar quem somos e como vivemos enquanto mulher negra.

Dentre as questões que dizem respeito à população negra, tanto em relação à prédisposição

genética quanto às condições sociais de exclusão impostas pelo capitalismo,

temos agravos e problemas prioritários a considerar:

Mortalidade materna; transtornos comuns na infância como subnutrição, diarréias,

doenças respiratórias; mortalidade infantil aguda; desnutrição (criança, gestante,

idoso);

1 Socióloga e assessora regional do Secretariado Nacional da Cáritas Brasileira e é parceira / colaboradora do

Instituto Agostin Castejon na formação em Políticas Públicas de lideranças na Área de Quilombolas –

Kalunga-GO. Doenças crônico-degenerativas: hipertensão e diabetes mellitus; doenças

cardiovasculares;

Câncer de mama, útero, próstata e de pulmão;

Anemia falciforme; mortalidade precoce dos doentes falciformes;

Depressão, alcoolismo, estresse, etc; infecções e cirrose hepática.

Fonte: Seminário Nacional de Saúde da População Negra/2004 (Ministério da Saúde e

Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial)

Tomamos aqui, como exemplos a serem superados, a falta de profissionais de saúde

preparados; uma política de formação de Recursos Humanos inadequada à realidade;

ausência de material informativo e educativo voltados para a saúde da população negra;

intolerância e não reconhecimento das ações de saúde prestadas pelos terreiros de

candomblé; controle social frágil etc. Nesse contexto temos como desafio não apenas

uma Política da Saúde adequada, mas políticas específicas para as mulheres negras em

todos os campos dos direitos sociais.

Além dos desafios apresentados, as lutas e conquistas do movimento negro, através da

organização das mulheres negras em diferentes instâncias, seja em redes, grupos locais,

regionais ou nacionais, abrem perspectivas de avanços para um mundo justo.

Para reduzir as desigualdades é necessário investir em políticas públicas e controle

social, em campanhas informativas e formativas, além da própria formação política

dessas mulheres no seu espaço de atuação.

INDIGNAÇÃO frente às desigualdades, ALEGRIA e ESPERANÇA para darmos

continuidade à LUTA!

sábado, 24 de julho de 2010

24/07 - Nascimento do poeta Solano Trindade, em Pernambuco / 1908





























Solano Trindade

Sarau do Querô festeja o Centenário do Nascimento de Solano Trindade

Por Luiza Delamare



Há muito para se descobrir sobre a vida e a arte de Solano Trindade: falar do poeta é evocar a arte dos afro-descentes brasileiros. Nascido em 24 de julho de 1908, aprendeu com o pai a magia da dança pastoril e do bumba-meu-boi. Com a mãe, para quem lia novelas, desenvolveu o gosto pela literatura. Ainda em sua cidade natal, fundou, em 1936, o Centro Cultural Afro-Brasileiro e a Frente Negra Pernambucana.

Solano virou poeta e expressou a negritude através da arte. Depois de passar por Belo Horizonte, MG, Pelotas, RS, e Rio de Janeiro, veio morar em São Paulo, no município do Embu. Ali, ajudado por outros artistas, transformou a cidade em centro de cultura popular e de reafirmação da cultura afro-brasileira. Com a arte e o artesanato que se espalhavam pelas ruas, a cidade ganhou outros contornos e deu origem ao novo nome do lugar, que passou a ser conhecido como Embu das Artes.

Raquel, primeira filha de Solano, mostra a importância do Embu na vida do pai ao dar continuidade ao trabalho do poeta em seu ateliê, localizado em uma rua comprida do centro da pequena cidade. Junto com filhos e netos, ela discute a situação do negro e fala do respeito às diferentes raças. Herdeira da sabedoria de Solano, Raquel se tornou preciosa fonte de conhecimento e vivência da cultura afro-brasileira.

?Se tem gente com fome, dá de comer?, diz o poeta do povo

Solano Trindade foi cidadão politizado e apontou problemas de desigualdade e injustiça na vida social brasileira. No debate da questão racial no país, tornou-se precursor. Ao longo da vida se envolveu com a poesia, as artes plásticas, o teatro e o folclore. Mas foi, sobretudo, o poeta do povo.

Pouco conhecido do grande público, sua poesia foi comentada por Carlos Drummond de Andrade, que via nos versos de Solano ?uma força natural e uma voz individual rica e ardente que se confundia com a voz coletiva?. Foi celebrado também por Ney Matogrosso, que musicou o poema ?Tem gente com fome? ainda nos tempos do grupo Secos & Molhados, mas só pôde incluí-la em seu disco após a queda da censura.

A comemoração do centenário do nascimento de Solano Trindade é a melhor oportunidade para festejar em grande estilo a cultura popular. Essa é a proposta da Associação Cultural do Morro do Querosene, que na sexta edição do Sarau do Querô, homenageia a produção artística de Solano Trindade na sede do Projeto Treme Terra.

Nada mais adequado, o Sarau do Querô, espaço aberto para que músicos, poetas e dançarinos mostrem seus trabalhos através de intervenções livres, relembra a atividade que Solano desenvolveu durante a vida inteira: divulgar as diversas formas de arte.

Faz parte também das comemorações o lançamento de três livros de Solano Trindade pela editora Nova Alexandria: Poemas Antológicos de Solano Trindade, com ilustração de Raquel Trindade; Tem Gente com Fome, adaptado para o público infantil, e Canto Negro.

Leia a seguir um pouco do pensamento de Solano Trindade na voz de sua filha Raquel

Portal RAIZ.: Qual é o significado da comemoração do centenário de Solano Trindade?

Raquel Trindade: Para mim, as comemorações do centenário são muito importantes porque eu acompanhei a luta dele. E aí vejo que frutificou a semente que ele plantou. Inclusive, você vê que eu continuei o trabalho. Agora estão aí meu filho e meus netos. A coisa vai e não pára. E isso está bem dentro do poema que ele diz: ?Só morrerei depois de amanhã?. Então é muito importante porque eu, como companheira de luta dele, vi que valeu pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forma de arte. O que ele fazia é o que a gente está fazendo.

Portal RAIZ.: luta pela igualdade racial foi muito importante na vida de seu pai. Como você absorveu isso dele?

Raquel Trindade: O Brasil é um país muito preconceituoso, mas papai me falava também dos negros conscientes, dos brancos sem preconceito. Dizia que eu não podia generalizar. Desde menina eu sei que a gente tem que ter cuidado. A gente sabe que tem o preconceito, sabe que tem a discriminação e que isso independe de setores da sociedade. Tem preconceito nos pobres, nos ricos. Mas também têm pobres e ricos brancos que não são preconceituosos. Todos anseiam melhorar culturalmente, mas alguns têm oportunidade e outros, não. Ele também me ensinou muito sobre a resistência, a resistir mesmo com os obstáculos que a gente enfrenta, principalmente, com a arte.

Portal RAIZ.: Como está a questão da discriminação atualmente? Você diria que hoje preconceito acontece de forma mais sutil?

Raquel Trindade: A discriminação continua muito forte, mas a luta também é grande. O negro está mais organizado, está se organizando em muitas entidades. E tem também uma juventude branca muito interessada na cultura negra. Inclusive no meio universitário e na imprensa, é preciso que existam esses jovens com uma grande visão das coisas e que apóie a gente.



Existem vários tipos de preconceito. Por exemplo, eu sou negra, nordestina, artista popular, pobre e ?candomblezera?. Quando a gente fala das religiões de matrizes africanas, as pessoas ainda têm muito preconceito, e não tem nada de mau. Exu não é o diabo. Ele é meio humano, meio divino. Os orixás são energias da natureza. Existe um preconceito muito grande contra o nordestino, e eu sou pernambucana. Existe um preconceito muito grande com a mulher, eu sou mulher, graças a Deus! E existe o preconceito contra o pobre. Por exemplo, eu vivo simplesmente, aí a pessoa vem comprar um quadro e, quando vê que minha casa é muito simples, não quer pagar o preço que o quadro vale. Então isso é preconceito contra o pobre. A discriminação é muito forte.

Portal RAIZ.: De que maneira você acha que a educação pode diminuir a barreira que ainda existe entre negros e brancos? Qual é o espaço que há para a cultura negra nas escolas?

Raquel Trindade: Hoje tem uns meninos aqui na comunidade que estão na quinta série e não sabem nada de geografia, não sabem nada de história. Quer dizer, estão tentando melhorar, mas ainda não acharam um caminho. Agora, a cota é necessária por causa da discriminação. Se não houvesse a discriminação, não precisava ter as cotas. Só que também tem uma coisa: se o aluno não é preparado desde o ensino fundamental, principalmente a criança negra e pobre, que precisa estudar em uma escola pública, a escola tinha que estar mais forte e os professores mais preparados. A maioria dos professores não sabe nada sobre o Brasil nem sobre a nossa história, sabe só superficialmente. Agora com essa lei da cultura negra nas escolas, eu estou muito preocupada, porque seria muito bom se as pessoas que fossem ensinar conhecessem de fato a cultura negra. Eu estou vendo muitos erros, tem filmes dizendo que Zumbi era Xangô, sendo que ele era Zaze. Outra coisa: como que você vai dar uma aula de cultura negra sem conhecer as religiões de matriz africana em uma escola onde a maioria é evangélica ou católica? Aqui no Embu teve o caso de uma menina que teve que passar pelo ritual de candomblé e tinha de andar de turbante e as outras crianças a ridicularizaram. E a professora não tinha como defendê-la, porque também não conhece nada e suspendeu a menina. Quer dizer, isso é um horror, ainda falta muita coisa.

Portal RAIZ.: A cultura popular ainda é vista apenas como curiosidade?

Raquel Trindade: É, é vista como curiosidade Os grupos de cultura popular deviam ter muito mais apoio. Se eles não estiverem organizados com muito papel e com muita burocracia, não conseguem um tostão, porque se exige muita papelada? Aqui eu tenho sorte porque tenho amigos que me orientam com essas coisas. Mas a maioria dos grupos populares não tem essa condição, não tem dinheiro para ficar tirando papel um atrás do outro. São exigidas muitas coisas para se conseguir verba. Existem universitários que fazem grupos de danças populares e conseguem o incentivo, mas os grupos raízes mesmo não conseguem.

Portal RAIZ.: Você poderia contar um pouco das lembranças do convívio com seu pai?

Raquel Trindade: As lembranças são muito boas, ele era um pai maravilhoso, dava muita atenção para nós, crianças. Com 8 anos ele me levava para ver exposições de arte, me levava na Pinacoteca, no Teatro Municipal. Ele gostava de música popular, mas também gostava de música erudita. Ele me levava para conhecer o balé-afro da Mercedes Batista. Depois me levava para assistir à orquestra afro-brasileira do Abigail Moura. Minha mãe e ele iam ensinar dança no Teatro Folclórico do Aroldo Costa e, depois que mudamos para Duque de Caxias, ele fazia festas com muito folclore, com muita arte. Ele conversava muito comigo sobre discriminação racional. Dizia que eu devia ter orgulho de ser negra, mas que eu devia ser amiga de todas as raças. E também falava dos problemas do povo. Na década de 50, ele já falava do direito da criança, porque naquela época as crianças apanhavam muito e ele era contra isso. Ele brincava com a gente ? era fantástico! ? e falava de poesia. Eu era testemunha das reuniões da célula Tiradentes, que era do Partido Comunista. Eu ouvia sobre a classe operária, e minha mãe, que era presbiteriana, servia cafezinho para os comunistas. Também lembro que ele se reunia em um bar chamado Vermelhinho. Onde se encontravam intelectuais, militantes de esquerda, poetas, atores. E eu, desde criança, tinha contato com essa gente toda: Aldemir Martins, a pintora Djanira. Meu pai criou junto com a minha mãe, Margarida da Trindade, e o sociólogo Edson Carneiro, o Teatro Popular Brasileiro. Viajamos por toda a Europa.

Mesmo na adolescência, eu acompanhava muito meu pai. A gente ia pra tudo quanto era lugar, a gente era companheiro mesmo. Eu via muita arte através dele, muita poesia. E via, principalmente, a luta dele.

Mais Informações: (11) 3721 2577

Fonte: saudoquero

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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Escrava Anastácia, história e Vídeo interessante!



Prece Milagrosa para alcançar uma



Graça urgente da Escrava Anastácia


Vemos que algum algoz fez da tua vida um martírio,


violentou tiranicamente a tua mocidade, vemos tam-


bém no teu semblante macio, do teu rosto suave,


tranquilo, a paz que os sofrimentos não conseguiram


perturbar.


Isso quer dizer: eras pura, superior, tanto assim


que Deus levou-te para as planuras do Céu e deu-te


o poder de fazeres curas, graças e milagres mil.


Anastácia pedimos-te... roga por nós, proteja-nos,


envolve-nos no teu manto de graças e com teu olhar


bondoso, firme, penetrante, afasta de nós os males


e os maldizentes do mundo.


Tudo que pedimos por nosso Senhor Jesus Cristo


na unidade do Espírito Santo, Amém.


Todas as manhãs, antes de sair para o trabalho,


olhe para Anastácia, peça-lhe suas graças, que


tudo correrá bem para você.


(Em agradecimento, imprimir e distribuir esta oração)



Anastácia por ser muito bonita, terminou sendo, também, sacrificada pela paixão bestial de um dos filhos de um feitor, não sem antes haver resistido bravamente o quanto pôde a tais assédios; depois de ferozmente perseguida e torturada a violência sexual aconteceu. Apesar de toda circunstância adversa, Anastácia não deixou de sustentar a sua costumeira altivez e dignidade, sem jamais permitir que lhe tocassem, o que provocou o ódio dos brancos dominadores, que resolvem castigá-la ainda mais, colocando-lhe no rosto uma máscara de ferro, que só era retirada na hora de se alimentar, suportando este instrumento de supremo suplício por longos anos de sua dolorosa, mas heróica existência. As mulheres e as filhas dos senhores de escravos eram as que mais incentivavam a manutenção de tal máscara, porque morriam de inveja e de ciúmes da beleza da negra .







Anastácia, já muito doente e debilitada, é levada para o Rio de Janeiro onde vem a falecer, sendo que seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário que, destruída por um incêndio, não se teve como evitar a destruição também dos poucos documento que poderiam nos oferecer melhores e maiores informações referentes à escrava Anastácia " A Santa ", além da imagem que a história ou lenda deixou em volta de seu nome e na sua postura de mártir e heroína, ao mesmo tempo.

" Escrava Anastácia quase santa pela igreja católica " Faltam provas e documentos!!! Que triste .
















Anastácia por ser muito bonita, terminou sendo, também, sacrificada pela paixão bestial de um dos filhos de um feitor, não sem antes haver resistido bravamente o quanto pôde a tais assédios; depois de ferozmente perseguida e torturada a violência sexual aconteceu.



Apesar de toda circunstância adversa, Anastácia não deixou de sustentar a sua costumeira altivez e dignidade, sem jamais permitir que lhe tocassem, o que provocou o ódio dos brancos dominadores, que resolvem castigá-la ainda mais, colocando-lhe no rosto uma máscara de ferro, que só era retirada na hora de se alimentar, suportando este instrumento de supremo suplício por longos anos de sua dolorosa, mas heróica existência.



As mulheres e as filhas dos senhores de escravos eram as que mais incentivavam a manutenção de tal máscara, porque morriam de inveja e de ciúmes da beleza da negra .



Anastácia, já muito doente e debilitada, é levada para o Rio de Janeiro onde vem a falecer, sendo que seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário que, destruída por um incêndio, não se teve como evitar a destruição também dos poucos documento que poderiam nos oferecer melhores e maiores informações referentes à escrava Anastácia " A Santa ", além da imagem que a história ou lenda deixou em volta de seu nome e na sua postura de mártir e heroína, ao mesmo tempo.



Fonte: www.terrabrasileira.net

sábado, 17 de julho de 2010

A questão do negro no Brasil (artigo para pesquisa)

















Por MARX GOLGHER




Representante da comunidade judaica BH-
 na Conferência contra a Discriminação Racial-MG









Trezentos anos de escravidão africana no Brasil representada pelo cruel regime social de sujeição do negro e utilização de sua força, explorada para fins econômicos, como propriedade privada do homem branco, criaram problemas bem mais graves e profundos do que geralmente se imagina.



Se impactou a comunidade negra, impondo-lhe índices de desenvolvimento humano mais baixos do país, afetou também o etos da população branca,- “Aquilo que é característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos de um povo, grupo ou comunidade, e que marca suas realizações ou manifestações culturais”- Aurélio, com sutis sentimentos contra os afro-descedentes. A discriminação ao negro no Brasil se dá com o encobrimento com subterfúgios como se percebe nas análises de dados socioeconômicos.



De fato, embora esteja provada e comprovada a enorme desigualdade pelos índices socioeconômicos oficiais entre brancos e negros, ela continua ser olimpicamente ignorada pela cultura “branca”. Por significativo exemplo, quando se trata da “dívida social” ela é generalizada para todos os segmentos da população do país, esquecendo-se de seu principal credor, a população negra. Pior, qualquer movimento que vise liquidar esse injusto contraste social é logo tachado de discriminar os brancos... A história nos revela claramente qual é o segmento dos injustiçados e dos desprezados do nosso país, com quem, afinal, toda a população contraiu a sua “dívida social”.



A corrente negra iniciada em 1559, incrementada a partir do fim do século XVII, só se deteria quase 300 anos depois, em 1850, quando foi cortada pela pressão inglesa Escravatura lícita, sem demônios, era de origem africana, ao contrário do caso do índio, em favor do qual havia uma série de escrúpulos por parte de padres e das autoridades coloniais, o que permitiu um intenso tráfico negreiro inteiramente livre para o Brasil, transformando a escravatura um grande negócio no país.



Ainda no século XVI foi implantada a exploração de cana-de-açúcar, que obtivera grande sucesso nas colônias ultramarinas de Portugal no norte da África O escravo índio, embora mais barato, cede lugar à mão-de-obra negra, que invade os engenhos e lavoura de alto rendimento. Antonil- João Antonio Andreoni- assinalou que os escravos negros tornaram-se “os pés e as mãos” do senhor do engenho. Problema em aberto é da estimativa de quantos negros entraram na vigência desse tráfico, mas a maioria dos historiadores a terem somado cerca de 4 milhões de seres humanos.



O ciclo do açúcar começa nessa época e dura cerca de 150 anos, vindo a declinar a partir do século XVIII. Apenas cinqüenta e nove anos da descoberta, o desenvolvimento do ciclo da cana já exigia a importação do escravo negro, por que se ajustava à agricultura e ao regime de trabalho sem os intransponíveis obstáculos do escravo índio, cuja cultura se contrapunha ao esforço contínuo exigido na produção do açúcar.



Ao ciclo do açúcar, seguiu-se o ciclo do ouro, o oficialmente datado entre 1660 e 1789, mas que se iniciou efetivamente com a corrida do ouro no inicio dos anos 1700, com a vinda às Minas Gerais de levas de renóis, nativos da Bahia, Rio de Janeiro. A vida urbana mais intensa viabilizou também, melhores oportunidades no mercado interno e uma sociedade mais flexível, principalmente se contrastada com o imobilismo da sociedade açucareira.



”Portanto, a camada socialmente dominante era mais heterogênea, representada pelos grandes proprietários de escravos, grandes comerciantes e burocratas. A novidade foi o surgimento de um grupo intermediário, uma classe média incipiente, formado por pequenos comerciantes, intelectuais, artesãos e artistas que viviam nas cidades.



O segmento abaixo era formado por homens livres pobres (brancos, mestiços e negros libertos), que eram faiscadores, aventureiros e biscateiros, enquanto que a base social permanecia formada por escravos que em meados do século XVIII, representavam 70% da população mineira...”



“Para o cotidiano de trabalho dos escravos, a mineração foi um retrocesso, pois apesar de alguns terem conseguido a liberdade, a grande maioria passou a viver em condições bem piores do que no período anterior, escavando em verdadeiros buracos onde até a respiração era dificultada. Trabalhavam também na água ou atolados no barro no interior das minas. Essas condições desumanas resultam na organização de novos quilombos, como do rio das Mortes, em Minas Gerais, e o de Carlota, no Mato Grosso”.



A exploração do ouro demandava a mão-de-obra africana, não só para a exploração direta dos veio auríferos para o branco, como pela contribuição de algumas técnicas de extração aplicadas nas minas em África, fato esquecido pelos nossos historiadores.



Dizem as histórias que o escravo Galanga foi rei do Congo e chegou ao Brasil batizado de Francisco (Chico). Acumulou dinheiro, minerando por conta própria e comprou sua alforria e a de seu filho. Depois de livre, comprou a mina da Encardideira — uma área de 80 m2 que ainda pode ser visitada — e, com o ouro, libertou outros escravos. Mas situação como essa, favorável ao escravo era exceção



A distribuição de escravos se fazia com a venda a prazo, como se fosse cabeça de gado, mediante a garantia da safra ou hipoteca da propriedade. Uma vasta rede de interesses, com raízes na Metrópole lusitana, e se expandia pelo comércio marítimo e interior, transformou a compra e venda do negro em grande negócio, só superado pelo açúcar e ouro nos séculos 17 e 18.



Transformado em “coisa”, o escravo negro foi levado à revolta, ou à imitação do branco o seu opressor. Na tentativa de fugir à sua condição de negro, passou a se autodenominar de “pardo”. Esse fenômeno social do oprimido tentar se identificar com o opressor, se observa em todos os povos subjugados cruelmente por um suposto ser “superior”.



Pardo, segundo Aurélio, [Do lat. (leo) pardus (por se considerar que pardus era um adj. referente às manchas de cor escura que distinguiriam o leopardo do leão), de um branco sujo duvidoso, cor entre o branco e o negro. Ora, nunca existiu tal etnia, mesmo porque está comprovado por estudos genéticos que a grande maioria do branco brasileiro, ao contrário do que muitos imaginam, tem fortes afinidades com o índio, não com o negro.



Não obstante o surgimento de uma corrente de abolicionistas da escravidão até 1866, no campo das medidas oficiais nada se empreendeu para alcançar a emancipação do negro, isto é, o gozo dos direitos civis. A abolição da escravatura declarada em 13 de maio de 1888, após 300 anos de escravatura não trouxe a emancipação do negro.



Continuou excluído da sociedade brasileira. A abolição da escravatura não foi seguida o parcelamento da propriedade com entrega de terras aos escravos, nem se providenciaram escolas de artífices e de educação. Substituiu-se, apenas, o escravo pelo mal assalariado, dentro do mesmo sistema cultural escravagista. “Deixaram-no estiolar nas senzalas, de onde ausentara o interesse pela sua antiga mercadoria, pelo gado humano de outrora. Executada assim, a abolição era um agonia atroz. Dar liberdade ao negro, desinteressando-se, como se desinteressando absolutamente de sua sorte, não vinha a ser mais que alforriar os senhores”, como bem disse Rui Barbosa.



Se o fenômeno de tentativa de “ embraquecimento” - a imitação do dominante branco- do negro é bem conhecido, há de se considerar o outro lado da moeda, a atitude superior do branco, a desqualificar instintivamente o negro, gerando graves conseqüências, impedindo a inclusão do negro na sociedade brasileira.



Assim, embora as estatísticas demográficas do IBGE mostrem que os “negros e pardos” compõem pelo menos a metade da população do país, economistas, sociólogos, jornalistas, políticos, professores, enfim, a intelligentsia brasileira, ou seja, os intelectuais considerados como classe ou grupo, ou, em especial, como uma elite artística, social ou política branca não se preocuparam com a desigualdade brutal entre negros e brancos no Brasil.



Paradoxalmente, já foram gastas toneladas de papel e tinta em torno da chamada “dívida social”, “desigualdade de renda”, Índices de Desenvolvimento Humano - IDH precarissimos- do Brasil, mas sem tocar na realidade dos negros, que se revela clamorosamente nestes dados.



A sociedade brasileira desconhece-os, com o obstinado acreditar na ideologia da “a incontestável superioridade do homem branco”, inclusive nos setores que se dizem “progressistas”, “de esquerda”, que se mostram sempre preocupadíssimos com desigualdade social do Brasil.



Significativo exemplo, entre milhares: - o conhecido professor de economia da Unicamp Márcio Pochmann, ao avaliar a desigualdade social do Brasil por meio dois indicadores relevantes:- o ensino médio e o superior, diz que 34% dos jovens entre 15 e 17 anos de idade estão matriculados. No Chile, 85% dos jovens nessa mesma faixa etária estão matriculados no ensino médio. E apresenta a sua solução:- Se o Brasil quiser apresentar o mesmo padrão em 2020, isto é, daqui a 15 anos, calculamos que cerca de 4,9 milhões de jovens, adicionais ao que já estão nas classes, vão precisar cursar o ensino médio. Isso significa o aparecimento de 149 mil turmas, o que exigiria 47 mil novas salas de aula e a contratação de 510 mil professores, etc. Tudo bem, não fosse o professor da Unicamp ter usado estatísticas relativas apenas ao segmento branco do país.



De fato, se tivesse usado dados referente à outra metade da população do país, o segmento negro, o seu diagnostico seria bem mais preciso e sua proposta de solução seria mais acurada: “com base no Censo, vários estudos como o "Mapa da cor no Ensino Superior brasileiro" (http://www.politicasdacor.net ) do pesquisador Jose L. Petrucelli do IBGE, mostram desigualdades educacionais brutais. Com dados de 2000, ele mostrou que enquanto 22,7% dos brancos com 18 anos ou mais concluíram o Ensino Médio, somente cerca de 13% dos negros o fizeram. Só conhecendo a realidade poderemos saber se há desigualdade racial na educação e em que profundidade. E, mais importante, combatê-la e não ser conivente”.



Certamente, o prof. Pochmann não é racista, mas não se preocupou, por vício cultural, do básico, a desigualdade brutal do negro em face ao branco evidenciada nos indicadores da educação. Mesmo nos bolsões de pobreza e miséria urbana, os índices socioeconômicos do pobre e miserável branco são superiores aos negros-pardos. Não é uma questão de classe. Trabalhador branco de mesmo patamar socioeconômico do negro recebe salário bem mais elevado. Não sendo discriminado pela cor da pele, obtém mais facilmente lugar de trabalho.



Impõe-se, pois, que a realidade real do país seja revelada pelos índices socioeconômicos do segmento mais numeroso e mais excluído do país, o negro e pardo. É a partir daí é que devem ser analisados os índices socioeconômicos. Quaisquer outras políticas que não sejam dirigidas prioritariamente ao segmento negro, jamais alcançará a isonomia na sociedade brasileira. Só aumentará, claro, a desigualdade, o fosso entre brancos e negros-pardos.



A tão falada “dívida social”, sim, é devida unicamente aos negros. Foram eles que durante 300 anos construíram as bases econômicas do Brasil, em condições brutais de escravatura, a custo da completa exclusão da sociedade, impedidos de se educarem minimamente.



O negro é, pois, o único segmento populacional que ainda não foi pago pela construção do país chamado Brasil, agora, a 10. economia do planeta. Não fosse o trabalho do negro, continuaríamos ser a Terra dos Papagaios, a Pindorama, talvez, uma Bolívia maior, ou coisa parecida.



Neste cenário, as cotas de negros nas universidades, sobre as quais muito se fala nos dias de hoje é apenas um detalhe. Embora seja justa e necessária, irá ao encontro de uma minoria que conseguiu superar o gargalo no ensino fundamental e médio, podendo assim de candidatar à vagas nas universidades. Mas a massa da população negra continuará excluída.



Como bem diz o senador Cristóvão Buarque, a solução da dívida social é a educação. Sem educação, jamais será resolvida a questão social. Deste modo, impõe-se priorizar urgentemente a educação dos negros.



Prioritariamente por que importa a adoção imediata de um programa educacional para negros, fundamental e médio, resgatando afinal a dívida social que o país tem com os negros. Quanto mais rapidamente for implantado, mais rapidamente será encerrada a vergonhosa desigualdade socioeconômica existente no país. Enquanto a metade da população brasileira a negra e parda estiver alijada do processo de desenvolvimento jamais haverá no Brasil justiça social...e justo crescimento socioeconômico.



O pagamento efetivo da dívida social com o segmento negro-pardo do país, claro é um dever básico de justiça social. Não é privilegio algum. Importa reconhecer que, nós, brancos, estamos em débito com os milhões escravos africanos, cuja obra da construção do Brasil para o homem branco nunca foi paga, embora lhes tenha custado a precária e vergonhosa situação social em que vivem os seus descendentes em nossos dias. É isso.