terça-feira, 13 de julho de 2010

12/07 - Independência de São Tomé e Príncipe / 1975 ( cultura geral e dança)

  













Continente: África

Nome Completo: República Democrática de São Tome e Príncipe


Localização: Arquipélago no Centro-Oeste Africano


Coordenadas: 1 00 N, 7 00 E

Limites: Não se aplica


Capital: São Tomé


Governo: República Mista


Moeda: Dobra


Área: 964 km2


Nacionalidade: São-tomense


População: 170.372 (julho/2002)


Mortalidade: 47,5 mortes a cada 1.000 nascidos vivos (2002)

Vida: 65,93 anos


Ponto Culminante: Pico de São Tomé, 2.024 m


Religiões: Cristianismo 85%, Islamismo 5%, Outras 10%


Idiomas: Português (oficial)

Analfabetismo: 20%
Renda: US$ 270 (2001)





São Tomé e Príncipe
Antiga colónia portuguesa independente desde 1975, São Tomé e Príncipe quer favorecer um turismo de qualidade, propondo um quadro único de descoberta, preservando o melhor possível as suas paisagens luxuriantes, a sua arquitectura singular e, sobretudo, a sua cultura calma.

São Tomé e Príncipe é um país em vias de desenvolvimento cuja economia é baseada essencialmente no cacau, no café, na pequena agricultura e na pesca. Situado no Golfo de Guiné, sobre o Equador, a aproximadamente 220 quilómetros da costa ocidental africana, é o segundo estado mas pequeno de África, depois das Ilhas Seicheles.

O Arquipélago, de origem vulcânica, é constituído pelas ilhas de São Tomé com 854 Km² e pela ilha de Príncipe com 136 Km² e ainda por inúmeros ilhéus, com uma superfície total de 1001 Km². Percorrendo as ilhas, no meio de uma vegetação exuberante, entrecortada por numerosos cursos de água e riachos, distinguem-se relevos acidentados de altitudes diferentes. Os mais importantes são: o Pico de S. Tomé com 2024 metros, o Pico Pinheiro, o Pico Calvário, o Pico Cabumbé, o Pico do Príncipe, o Pico Papagaio, e o Pico Cão Grande que constitui uma referência da paisagem local.


As Ilhas contam com cerca de 140 000 habitantes (cerca de 7 000 no Príncipe). É uma população mestiça aberta ao mundo e sorridente que gosta de intercambiar com os estrangeiros apesar de um forte indíce de pobreza.

Cultura de São Tomé e Príncipe

Com uma história densa de contornos universais, São Tomé e Príncipe constitui um mosaico cultural riquíssimo. Sendo a população sãotomense resultado da miscegenação entre portugueses e nativos oriundos da costa do Golfo da Guiné, Angola, Cabo Verde e Moçambique, assim se explica tal riqueza, bem patente na sua cultura (no seu rico folclore, na língua, na dança, na música, no seu ritual e na gastronomia).

Na área arquitectónica, a fortaleza de São Sebastião, a catedral da Santa Sé (Igreja da Sé), situada ao lado do Palácio Presidencial, o Arquivo Histórico e outros tantos edifícios de inspiração barroca são espaços de visitas culturalmente enriquecedoras. O Museu, situado na capital, possui uma colecção de arte sacra e de reconstituição de interiores tradicionais da época colonial.


Ao longo do ano, cumpre-se o ritual e a veneração popular; são muitas as festividades religiosas celebradas de acordo com as tradições da Igreja católica e manifestações pagãs que animam as ruas das principais cidades, vilas e luchans.

Entre várias formas de expressão cultural no arquipélago, distinguem-se o genuíno Socopé (só com o pé), a Ússua, Puita, Djambi, o Tchiloli, Bligá, Stleva, Quiná, Vindes Meninos, Dêxa, Auto de Floripes, entre outras.
A arte plástica é um fenómeno cultural novo para Tomé e Príncipe. Pintores, escultores, artesãos de talento não faltam. É possível encontrar artistas em diversos lugares: em São Tomé na galeria Teia D'arte, na roça São João, em Santa Casa da Misericórdia. Quanto ao artesanato, um entreposto de venda está aberto ao público ao lado do hotel Miramar. É de assinalar também que vários hotéis, restaurantes e bares propõem lugares de exposições e de vendas.

Tchiloli

Desde o século XVI, uma peça de teatro, o Tchiloli, é encenada na ilha de São Tomé e Príncipe ritmando os tempos fortes do ano: as festas religiosas e as festas civis. A representação dura quase quatro horas. É uma obra atribuída ao poeta cego português Balthasar Dias: "A tragédia do marquês de Mântua e do Imperador Carlos Magno". A peça foi introduzida em São Tomé e Príncipe no fim do século XVI pelos portugueses que vieram implantar a cultura de cana-de-açúcar.

A história desenrola-se durante a época carolíngia e foi trazida sem dúvidas pelos trovadores de origem borgonhesa a partir do século XI em Portugal.

O Tchiloli (nome crioulo da peça), mostra várias personagens históricas: Carlos Magno, seu filho Carloto, o Marquês de Mântua, Balduino, Reinaldo de Montalvão, Rolando. O encadeamento da história é construido em torno de um assassinato que dá lugar a uma longa apologia sobre a justiça. O assassinato acontece durante uma caçada, Marquês de Mântua descobre seu sobrinho Valdevinos, que agonisa. Valdevinos em agónia acusa o príncipe D.Carloto, seu melhor amigo, de o ter matado para lhe roubar a sua esposa, Sibila. Marquês de Mântua envia o duque de Amão e Beltrão a Corte de Carlos Magno para pedir justiça. É então organizado um processo na presença do defunto que é colocado entre as duas famílias. Uma carta encontrada, é levada por um jovem pagem, acabrunha Carloto. Apesar das súplicas da sua mulher, Carlos Magno condena à morte o seu filho na presença do ministrol da Justiça. D.Carloto recorre desta decisão com ajuda do seu advogado o conde Anderson mas em vão, Carlos Magno permanece inflexível.


Desde o século XVI que os são-tomenses apropriaram-se desta peça incluindo os seus próprios textos e a sua cultura. Os textos são também improvisados de acordo com a actualidade local. Os fatos e os acessórios são frequentemente contemporâneos: telefone portátil que serve para chamar o advogado, um relógio é utilizado por Carlos Magno que consulta a hora, óculos de sol em plástico são utilizados pelos actores que utilizam também pastas, máquinas de escrever.

A peça põe em cena um processo onde a justiça é feita, quer seja o acusado rico, quer seja o acusado pobre. A presença ainda muito importante desta peça após estes séculos passados pode ser explicada por dois factos essenciais. O primeiro é a visão do poder português em Carlos Magno e um público que se reconhece na pessoa de marquês de Mântua que é injustamente oprimido mas que resiste. O segundo é a representação da vítima que é omnipresente durante a peça que representa o culto dos Africanos para as mortes com a preocupação de honrá-los.


As companhias teatrais, denominadas "Tragédia", que dão as representações de Tchiloli, são constituídas por cerca de trinta pessoas: todos homens que desempenham então os papéis das mulheres. Os papéis são hereditários, cada um dos actores possui o seu papel durante toda a vida e transmite-o aos seus filhos ou afilhados.


Floripes

O Auto da Floripes é o 'Tchiloli' de Príncipe. É exclusivamente encenado uma só vez por ano, 10 de Agosto, dia do santo Lourenço. A festa dura um dia. O autor da peça é desconhecido e não se sabe como foi introduzida na ilha. A festa se passa da seguinte maneira: desde a madrugada do dia 10 de Agosto é dado uma alvorada nas ruas de Santo António pelo embaixador cristão e pelo embaixador mouro que reúne os actores ao som dos tambores e das cornetas. O embaixador cristão está a frente da igreja e o embaixador mouro está na outra extremidade da rua, do outro lado do rio. O encadeamento da história é construído em volta da guerra de Carlos Magno e dos seus doze pares contra o Almirante Balão e seus reis mouros. A guerra pode ser evitada se um dos grupos se converter à religião do outro. Cada grupo envia então, um embaixador para pedir ao outro que se converta a religião do grupo oposto. Três horas de combate opõem Olivério e Fierabras que é o filho de Balão. O amor de Floripes, filha de Balão, se converte ao cristianismo e salvará assim Guy de Borgonha, Olivério e os outros.

A peça se desenrola em diferentes lugares da cidade. O papel de Floripes é desempenhado por uma jovem virgem de Príncipe que é escolhida entre as mais belas. Os outros papéis, como no Tchiloli, são hereditários. Não há nem orquestra nem danças. A festa acaba por volta das 20 horas.

Como no Tchiloli os anacronismos fazem parte da peça: o guarda escruta com binóculos o céu, no caso do Almirante tentar um ataque aéreo. Os trajes são multicores e sarapintados.


Danços

Como no continente africano, a dança faz parte integrante da cultura são-tomense. Ao longo do ano, as danças animam as festas, os rituais e as manifestações. Os costumes, os cantos, as saudações marcam a originalidade de cada dança.
A dança 'ussua'

Teria nascido no início nos anos 1900, dança praticada pelos 'filhos da terra' de inspiração europeia: pas-des-lanciers, pas-de-quatre e minuete. A orquestra era composta a base de instrumentos europeus (acordeões) e africanos (tambores). É uma dança de salão das 'roças' que foi ensinada às crianças nas escolas até os anos 1960. No entanto, ela continua a ser dançada em diversas ocasiões para apresentações públicas.


A dança 'socopé'

O socopé é uma dança de origem africana: ritmo síncope, sensualidade, os textos criticam os acontecimentos nas comunidades. Etimologicamente, é uma dança que se dança 'só com os pés'. Trata-se de uma dança mundana nascida sem dúvida no Brasil no fim do século XVII e trazida a Portugal pela Corte que estava refugiada no Rio de Janeiro. Tivera sido introduzida em São Tomé no início do século XIX. Reúne todas as camadas sociais e todos os grupos étnicos. A orquestra é mais africana.


A dança 'puita'

A puita e a semba designam a mesma dança. A semba foi introduzida pelos Angolanos, ela deriva do caduque que era dançado em Luanda. A diferença é que o semba não venera os mortos como o caduque. Seu nome provem de um instrumento de música, uma flauta em bambú, denominada puita. Dança proibida na época colonial pelo seu carácter erótico, ela venera os defuntos. A tradição diz que no trigésimo dia depois da morte do defunto, uma festa seja organizada em sua honra pela sua saúde no outro mundo: come-se, bebe-se, dança-se. Ao amanhacer uma missa em honra do defunto põe fim à festa.
'Danço-Congo'

É a dança mais popular e a mais africana. Ela é praticada pelos Angolares que ficaram muito tempo fechados às influências europeais. É uma dança violenta, muito ritmada que mobiliza todo o corpo. Foi também proibida na época colonial e pouco apreciada dos 'filhos da terra'. Encena, uns trinta dançarinos sob a orientação de um capitão acompanhado do 'logoso do anso molê' (anjo da guarda da roça que morre), de dois 'anso canta' (anjos cantores), de dois 'pé-pau' (dançarinos em andas), de quatro doidos, de um feticeiro, de um 'zugozugo' (ajudante feticeiro), de um 'djabo' (diabo), de quatro tocadores de tambor, o resto dança tocando canzas. Os trajos são muito coloridos, sarapintados, o feticeiro, seu ajudante e o diabo usam disfarces terrificantes, outros usam grandes chapéus. O tema do cenário é a herança de uma roça onde a estupidez e a fragilidade caracterizam os proprietários brancos das roças enquanto que a força, a bravura caracterisam os Angolores.


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