NOTA
DE FALECIMENTO – PROFESSOR ARY DE REZENDE
Na manhã deste
domingo, 28 de outubro de 2012, faleceu em São Paulo no Instituto do Coração –
Incor, aos 72 anos, o Professor Ary de Rezende.
.
Ex-diretor da E.E.
Professor Antônio Alves Cruz, para a qual contribuiu como educador até o fim de
seus dias, atual presidente da Associação Fênix para o Desenvolvimento da
Educação e Cultura e conselheiro do Museu Afro Brasil, Ary dedicou sua vida
para o desenvolvimento de uma educação pública justa, construída por toda a
comunidade escolar.
.
O velório será no cemitério do Araçá das 20h às 00h.
.
Breve histórico
.
Ary de Rezende
nasceu em 1940 na cidade de Piquete no Vale do Paraíba, mas passou quase toda
sua infância e parte da juventude em Lorena, interior de São Paulo. Terceiro
filho de cinco irmãos teve inda criança seu destino traçado: por conta de um
problema em uma das pernas não poderia realizar trabalhos pesados. Foi então
condenado à educação.
.
Cursou as séries
iniciais em uma escola rural, o ginásio e parte do ensino médio em Lorena, aos
14 anos dava aulas para os amigos de escola. Em 1960, já na capital paulista,
foi admitido pela escola de aplicação da Universidade de São Paulo – USP, onde
cursou o terceiro ano do ensino médio. Também na USP fez graduação em Biologia.
Em 1965 foi convidado para dar aulas de biologia na Escola Estadual Professor
Antônio Alves Cruz, ainda no prédio anexo à escola Godofredo Furtado.
.
No mesmo período
casou-se com Dona Imaculada, companheira de toda a vida com quem teve dois
filhos: Adriana e Marco Aurélio.
.
Em 1966 tornou-se
diretor assistente e em 1967 assumiu a direção da Alves Cruz.
.
Era um homem negro num país racista; diretor de uma escola pública
durante uma ditadura militar.
.
No mesmo ano a
escola foi transferida para o que seria sua sede oficial, um prédio na Rua
Capote Valente. No entanto, apenas dois anos depois, em 1969, a prefeitura
anunciou a construção da Av. Sumaré e solicitou a demolição do prédio.
.
“… Eu fui falar com o Faria Lima, ele disse que poderia me dar uma nova
escola, mas que não tinha o terreno…”
.
Nos anos que se
seguiram, apoiado por alunos e pais de alunos, enfrentou o governo municipal e
só permitiu a desapropriação do prédio com o compromisso de construção de uma
nova sede para a escola.
.
“… eu procurei Seu Dávio, um pai de aluno que era tesoureiro da
APM e trabalhava no INSS, eu sabia que o INSS tinha muitos terrenos. Nossa
solicitação foi prontamente atendida, recebemos uma lista e eu fui direto
naquele terreno.”
.
O novo prédio ficou pronto em 90 dias, em novembro de 1971.
.
“… Era uma barroca coberta por mato, não tinha sequer uma árvore… não
tem uma só árvore ali que eu não tenha plantado, disso eu me orgulho!”
.
Ary dirigiu a
escola até 1976 quando foi convidado para integrar uma comissão da secretaria
de educação, após 11 anos passou a direção da escola para a Professora Maria
Ivone.
No mesmo ano deixou
a carreira pública atendendo a um convite para coordenar a operação de uma
empresa brasileira na África. Trabalhou na Nigéria e na Líbia por cerca de
quatro anos.
Nos anos seguintes,
de volta ao Brasil, trabalhou na iniciativa privada e posteriormente no
departamento de merenda escolar da prefeitura de São Paulo.
.
Em 2000 foi
convidado por seus ex-alunos da Alves Cruz para participar de uma festa em
homenagem aos ex-professores e recebeu a notícia de que novamente a escola
estava ameaçada de fechamento.
.
“Teve aquele jantar na Vila Madalena e os alunos estavam preocupados
porque a escola estava para fechar, ai eu disse: De novo!”
.
De 2000 a 2012, em
parceria com seus ex-alunos Ary integrou e dirigiu o Projeto Fênix, iniciativa
que contribuiu para que a Alves Cruz não fechasse as portas, retomando de forma
vigorosa sua qualidade como instituição educacional, com participação da
sociedade civil e de toda a comunidade escolar, como nos tempos em que dirigia
a escola. Nos últimos anos de sua vida também foi conselheiro do Museu Afro
Brasil.
.
Ary de Rezende foi
um homem honrado, que encheu de orgulho e alegria todos que o cercaram. Homem
de muitos feitos deixou para o Brasil e para a educação brasileira uma escola
erguida sob a convicção de que a educação de nossos filhos deve ser partilhada
e construída por todos nós.
.
Para os que o
conheceram deixou um sorriso gigantesco, de esperança, luta e profunda alegria,
que ficará impresso para sempre em nossas lembranças.
.
Ary, obrigado por
tudo, e sorte em sua nova jornada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário