domingo, 8 de agosto de 2010

08 - Em Lagos (atual Nigéria) é registrado o primeiro ato de escravidão, por Portugal / 1444


























A importância das Máscaras
Africanas nas tribos.















Objetos Cotidianos:














Em África todos os objetos sejam eles cotidianos ou para cerimônias especiais, tem sempre uma utilidade prática.


As máscaras são um exemplo muito claro, elas são usadas nas danças e cerimônias públicas, e a sua função é constituir um laço entre o mundo humano e o divino.


Elas são esculpidas para serem exibidas em determinadas circunstâncias da vida social da tribo.






Poder das máscaras:














As máscaras tem valor religioso nas tribos, ela representa o poder do homem ou das divindades que representam. E é por meio delas que esse poder torna-se presente aos homens que as usam.


Essas são feitas para ocasiões especiais como: Dança da fecundidade, ritos de iniciação, funerais, casamentos, etc.






Tipos de Máscaras:














Na República do Congo, uma máscara que representa o rosto de um homem com a barba comprida, foi esculpidas para o funeral de um senhor (idoso), e a barba comprida é símbolo de sabedoria. Portanto o homem que a usa durante a execução da dança fúnebre exterioriza a presença do defunto. Isso serve para que seus familiares se confortem.


Máscara: Velho de barba


Representa sabedoria


Essa máscara vem da civilização Dan, eles esculpem várias máscaras faciais de madeira, que são utilizado com trajes diversos.


Dan: Costa do Marfim.














Os Povos e suas Máscaras: Xenufo














Os Xenufo, um povo que habita as planícies da Costa do Marfim, tem o seu bailarino com a cabeça coberta e usando uma máscara grande com feições de animal , nas cerimônias de iniciação. Os enfeites representam os animais mostrando assim o caos inicial do Universo.


O Homem que usa a Máscara


O homem que usa essa máscara, aterroriza com suas danças a gente da aldeia, afastando assim os espíritos maléficos, purificando o terreno para a cerimônia se iniciar.














Máscara na História da Humanidade:














Á máscara aparece na história da humanidade desde épocas mais remotas. Ao que tudo leva a crer, um dos seus primeiros elementos motivadores seria a exigência mágico – religiosa ligada as necessidades da vida cotidiana. È bem provável que o homem africano recorresse a essa representação mágica – dança com máscara, para obter êxito na caça, por exemplo.














As Máscaras e os Deuses:














O homem utiliza das máscaras para obter um diálogo com seus deuses ancestrais, e nestas representações (dança com máscara), encontram formas diferentes de crer, de se revelar ou, ainda, de representar o mundo próximo e a memória remota. A máscara vai além de uma peça, geralmente feita de madeira, ela é antes de tudo, uma preparação, um estado de predisposição, trata-se de compromisso e partilha.














O homem africano e a máscara:














O homem africano vê a máscara não só como um meio de fugir à realidade cotidiana, mas sobretudo uma possibilidade de participar da multiplicidade da vida, criando novas realidades fora daquela meramente humana.


Mascarado ele também poderá ser um homem – espírito, homem – animal, homem – divindade. Isto representa uma real possibilidade de existir de outra forma, possibilidade admitida e reconhecida: de fato ninguém duvida do poder transfigurados da máscara. Daí vem a reverência e o temor que ela incute.














Funções Práticas da máscara:














A necessidade de sentir-se participante das forças que animam o mundo, de colaborar com ela e explorá-las, é a base do uso e do culto da máscara. Porém este objeto tem uma função bem mais prática nestas tribos, além da função metafísica, ela também é usada para observar e respeitar leis políticas, sociais, educar jovens, superar discórdias, manter a ordem, presidir funerais, casamentos, nascimentos ou só divertir a aldeia.














Cultura Cokwe:














Os Cokwe são originários da região da província da Luanda, em Angola, este povo identifica a arte como uma forma de manter seus valores culturais. Á máscara constituiu um papel importante entre as civilizações africanas, ela é um instrumento sagrado, místico, invocatório e até mesmo de defesa para eles. Entre os cokwe as máscaras tem um papel fundamental que é o de esconder o rosto do Mukixe (espírito).














Máscara e Religiosidade:














É inegável a intimidade da máscara com a religiosidade. Ela nasceu em função de determinados rituais religiosos, como por exemplo, a prática da circuncisão. “os indivíduos masculinos apenas são homens, no conceito viril do termo, depois do rito de passagem ou circuncisão...” (José Redinha, 1945)














Tipos e Variedades de máscaras: Angola














“...Imagens convidam os olhos a não se apressar, mas sim a descansar por um instante e a se abstrair com elas no enlevo de sua revelação...” (Joseph Campbell).














Podemos dizer que em angola temos 3 tipos de máscaras a saber:


Máscara de madeira (grupo de material rígido)


Máscara de entrecasca de árvore e resina ( material semi- rígido)


Máscara de fibras e encordoados ( material não rígido)














Máscaras de Madeira:














As máscaras de madeira são as mais apreciadas, exigindo do artista um trabalho de talhe. Elas são mais retraídas, convencionais, são mais serenas na fisionomia. Distingue-se nela dois tipos diferentes representadas pela máscara de mulher ou matriarcado e as máscaras de homem ou de patriarcado. Os Iacas, Luenas e Guanguelas são os povos que mais cultuam esse tipo de máscara.


Mwana Pwo: (origem cokwe, Mwana: filho(a), Pwo: Mulher)


Binômio de origem cokwe: A Mwana Pwo é a principal representante desse grupo (matriarcal), é elaborada em madeira, com cabeleira feita a partir de fibras vegetais, ornada com pregaria de latão e colar feito de frutos silvestres secos.














A representação de Mwana Pwo:














Os cokwe dedicam todo o seu poder na elaboração de Mwana Pwo, pois ela atualiza mitos e referências histórico – lendária na cosmologia desse povo, e representa ainda a beleza e autoridade feminina.














O significado da máscara e do mascarado:














A função da máscara é esconder o rosto do mascarado para que a identidade sobrenatural dele seja preservada, somente os homens usam as máscaras, mulheres não podem nem tocá-las.


O mascarado ao por sua máscara tem o papel de mensageiro, regido pela força misteriosa da máscara ele a utiliza para transmitir ao seu povo mensagens, e para ter benefícios também. Pois mascarado pode se comunicar com seus antepassados, com figuras simbólicas da sua tradição. Pois a máscara confere autoridade, autentica, legitima o ato ritualizado, além de reafirmá-lo como individuo articulador e principalmente comunicador.


A metamorfose deste homem através da máscara é solicitada por seus companheiros de grupo, que crêem nessa possibilidade de participação e exploração do mundo sobrenatural, é como se houvesse neste momento uma hipnose coletiva. A máscara faz a ligação sobrenatural x humano, o mascarado tem a função primordial de anunciar a abertura da Mukanda (festividade de circuncisão), anuncia morte, pede pelos neófitos. eles começam sua obrigação até mesmo na escolha da árvore apropriada para tal máscara, uma árvore mal escolhida pode trazer maldições para seu povo.














O Mukixe:














Quase todo mukixe se apresenta dançando, e para isso dedica-se diariamente a exaustivos exercícios de dança para o dia da festa. Em todo momento da sua existência o africano é acompanhado pela dança. As máscaras são criadas sobretudo para estarem sempre em movimento, e a dança é o complemento necessário para sua total compreensão estética.














Ritual Mukixe e os Orixás: Obaluaiê e Mukixe














A dança de obaluaiê possui vários momentos que representam passagens míticas, assim como a dança do mukixe, além disso os dois dançam ao som de atabaques. A dança é uma representação da magia, e magia é mais que captação de forças da natureza, do mundo invisível, ela é uma atividade emotiva.


Quanto a vestimenta de mukixe, também é bem semelhante ao do orixá obaluaiê, a vestimenta mais comum usada pelo mascarado cokwe é uma palha que lhe cobre todo o corpo, com exceção da cabeça que é coberta pela máscara.


Podemos dizer também que os capacetes dos orixás chamados adê composto por seus chorões feitos de miçangas, vidrilhos e contas, funcionam como tapagens do rosto, um tipo de máscara. Podemos ir mais além do conceito de mascarar , para a pintura corporal do noviço no candomblé.


Pinturas do Candomblé:














Associadas a algumas escarificações – “Catulagem” ou “Curas” – transforma o não iniciado em iniciado, na cerimônia do Efun no candomblé kêtu, a pintura do Iaô confere status por meio de uma série de símbolos, principalmente a cabeça raspada, seguindo-se de pintas e traços conforme o orixá que está sendo “feito” (iniciado), prevalece sempre o branco e azul como cores básicas, mas podendo incluir o vermelho em diferentes combinações visuais.


As incisões sobre as costas, braços e outras partes do corpo seguem as escarificações étnicas, porém o emprego usual da cruz nesse conjunto de traços feitos a navalha, confirma a inclusão de um elemento estranho á origem, ainda que já incorporados aos códigos do dos noviços do terreiro, esse mesmo código pertence aos artesãos que fazem as máscaras, eles não podem esquecer o sinal cruciforme que é a marca dos Cokwe.














Máscara Gueledés: Nigéria/ Bahia














O culto as Gueledés é natural da Nigéria e foi cultuada aqui no Brasil até as primeiras décadas do século 20, especialmente na Bahia, este culto constitui a marca de poder das sociedades matriarcais que por intermédio deste poder fazem bruxas descerem para as danças nas aldeias.


“os nigerianos acreditavam que o culto das gueledés estava ligado a descoberta da clarividência, por isso a existência de pássaros, simbolizando esse poder.”














Semelhanças do Egun Gun e o Mukixe














Assim como o Mukixe o Egun Gun também é um ancestral da tribo, e tem a função e tradição de manter a ordem no que poderia ser o caos, e nos rituais as vestimentas de ambos são bem semelhantes, ambas cobrem todo o corpo e são acompanhadas de máscaras. O Egun apresenta-se em público em meio as grandes cerimônias e festas, com roupas muito coloridas.


Considerações Finais: a máscara e sua função dentro da sociedade.


Na Grécia antiga as máscaras eram muito usadas no teatro, em Veneza nos famosos “Bailes de Máscaras”, mas esse intuito era totalmente carnavalesco e teatral. Na sociedade africana sua função é ritualística, o uso deste costume influencia diretamente nos trabalhos agrícolas, nas guerras, na fertilidade, e o principal papel destas representações é de educar os jovens no que diz respeito as leis daquele povo, mostrar a importância da tradição, explicar os tabus, explicar a origem e a formação do universo e do clã a quem pertence. Além disso elas servem para perpetuar os costumes dos ancestrais.


Como podemos perceber a máscara é uma forma de materializar o que as tribos africanas passam através da oralidade. A dança por sua vez é complemento fundamental para essa prática.


E elas se assemelham, desde máscara tribal até os adês dos orixás. Materializam seu poder, mostram ao povo leis a serem seguidas, educam, divertem, estão ligadas a fé humana, e representação do divino aqui na terra.

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