terça-feira, 8 de junho de 2010

Hip Hop fala contra o racismo e a desigualdade social! Para pesquisa.

Hip Hop fala contra o racismo e a desigualdade social

Muitas das manifestações culturais brasileiras estão identificadas com a população negra. O samba, caboclinho, maracatu, movimento Mangue Beat, capoeira e muitas outras são lembradas como parte da grande contribuição dos negros para a cultura nacional. Dentro dessa diversidade, o movimento Hip Hop tem ganhado cada vez mais destaque no Brasil e atraído muitos jovens, especialmente aqueles que moram nas periferias.
Não é nada fácil entender o Hip Hop, que veio da periferia nova iorquina para o Brasil no final da década de 1980, via indústria fonográfica. É um movimento com várias tendências internas, mas que pauta-se pela denúncia da exclusão social e pela discussão de questões relativas à história e à identidade dos negros.
Formado por três elementos - o rap (música), o break (dança) e o grafite (desenho) - ao chegar no Brasil ele foi influenciado pela cultura local e adquiriu novos traços e novas formas de manifestação. Em parte, por causa da influência cultural local, o Hip Hop brasileiro diferencia-se do norte-americano. "O brasileiro é muito melhor do que o americano, que foi banalizado. Muitos representantes do Hip Hop lá fora se venderam para o sistema. Eles não querem ver o bem do povo deles, eles querem que o seu povo se mate para conseguir um Nike, um carro... No Brasil, o Hip Hop é mais consciente, quer ver o povo melhorar, prega a informação", afirma Cibele Cristiane Rodrigues, militante do movimento.
Não é à toa que o Hip Hop tem ganhado cada vez mais militantes e mais espaço no Brasil. Segundo Viviane Melo de Mendonça Magro, psicóloga que estuda o movimento no Brasil, com ênfase na questão de gênero, sua popularidade se deve ao fato de ser um movimento enraizado nas experiências de jovens e pessoas que vivem na periferia, além de ser muito organizado. "As histórias do rap são histórias fictícias ou reais de pessoas que vivem na periferia, baseadas na vivência na periferia. Para elas, o Hip Hop é uma forma de resistência e mudança da realidade", conta Viviane Magro.
No Hip Hop brasileiro, exclusão social e preconceito racial são evidenciados
Nos presídios, os rappers são muito populares. Por causa das letras politizadas, que falam da realidade exclusão social e do preconceito de cor, um show de rap dentro de um presídio não é um show qualquer, mas uma manifestação político-social.
Foi isso o que aconteceu em uma visita do famoso rapper Mano Brown, do Racionais MC, em junho de 2003, na Febem do Brás, em São Paulo, mostrando a força do Hip Hop como movimento de emancipação social. Os detentos sabiam todas as letras e se identificaram com as músicas do rapper.

Além de buscar a construção de uma identidade negra, que se posiciona fortemente contra o preconceito de cor, é dada também ênfase ao marginalizado que vive na periferia. "Para o Hip Hop, marginalizado é quem vive na periferia. O que une é a desigualdade social, e a maioria é negra" explica Magro. "Tanto os brancos quanto os negros tem sua auto estima melhorada dentro do movimento e se identificam através da exclusão social. ", complementa.
A militante Rodriguez reforça a idéia de busca por igualdade. "Tentamos nem tocar nesse negócio de negritude, branquitude, essa fita toda, porque o Hip Hop quer atingir uma classe social, é para os desfavorecidos". Entretanto, Cibele salienta que o movimento busca através das várias formas de expressão evidenciar o histórico dos negros no Brasil. "É importante que todos entendam que os negros são excluídos porque foram escravizados".

Hip Hop brasileiro é diferente do norte americano
Apesar de existir uma tendência de apropriação de alguns símbolos de uma cultura negra internacionalizada - como as roupas - dando a impressão de um movimento globalmente mais uniforme, as muitas diferenças que separam brasileiros e norte-americanos ajudam a determinar, no Brasil, um Hip Hop diferenciado. Os próprios militantes brasileiros consideram o Hip Hop nacional como um movimento muito mais crítico e politizado que o norte-americano.
"O break, por exemplo, tem muita semelhança com a capoeira, como já observaram os militantes do Hip Hop norte americano", afirma Magro.
Devido à influência cultural brasileira no movimento, só o Hip Hop brasileiro tem rap com um pouco de samba, break parecido com capoeira e grafites de cores nitidamente mais vivas. Segundo a pesquisadora, essa mistura com elementos brasileiros é motivo de orgulho para o Hip Hop brasileiro, que tende a uma valorização crescente dos elementos nacionais em um movimento importado dos EUA.

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